quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Ainda os Óscares de 2015

É frustrante reparar que foi quase há um ano que escrevemos aqui pela última vez. Pouco mais é necessário para declarar defunto este projeto! Enfim, vou-lhe dar mais uma chance, tentar reanimar o morto mas temos que mudar de tema porque isto mais parece um blog exclusivamente dedicado a cinema! Será que é um reflexo do afunilamento cultural dos seus autores? Espero que não.

Vou recomeçar por dar seguimento à última publicação, fazendo uma espécie de acerto de contas relativamente às “apostas oscarianas” do último ano mas prometo algo diferente nos próximos dias. Quem sabe algo acerca de teatro ou música ou os dois. Bom, é melhor não prometer muito, o passado recente não mo permite!

Vamos lá então a contas relativamente à atribuição dos Óscares da Academia em 2015 e a comparação com o que teriam sido as nossas atribuições:

Filme: Birdman ou a Inesperada Virtude da Ignorância
Realizador: Alejandro Iñárritu (Birdman)
Ator principal: Eddie Redmayne (A Teoria de Tudo)
Ator secundário: J.K.Simmons (Whiplash – Nos Limites)
Atriz principal: Julianne Moore (O Meu Nome é Alice)
Atriz secundária: Patricia Arquette (Boyhood - Momentos de uma Vida)
Argumento adaptado: O Jogo da Imitação
Argumento original: Birdman ou a Inesperada Virtude da Ignorância

Da lista de premiados em cima podemos perceber que a Tania não acertou uma única categoria e daí tirarmos as conclusões devidas. Já eu acertei as duas categorias de interpretação secundária, tanto J.K. Simmons como Patricia Arquette faziam parte da minha lista de premiados. Acertar dois em oito não é prodigioso mas mostra alguma ligação com a realidade.

E assim foram os Óscares de 2015. Espero em breve poder começar a escrever qualquer coisa sobre alguns filmes nomeados em 2016 mas ainda só vimos dois e as nomeações ainda não saíram!

domingo, 22 de fevereiro de 2015

E se nós mandássemos nos Óscares (2015)

Este ano superámos a epopeia do ano passado, foram dezoito os filmes que vimos e aqui escrevemos sobre eles. Tal como no ano passado, foi com imenso gosto que nos dedicámos neste objetivo, dando a nossa opinião mais genuína. Para concluir o trabalho, divulgamos em baixo as nossas escolhas antes da atribuição dos prémios. Então aqui vai, se nós mandássemos nos Óscares ganhariam estes:

Tania
Filme: Whiplash - Nos Limites
Realizador: Richard Linklater (Boyhood)
Ator principal: Bradley Cooper (American Sniper)
Ator secundário: Mark Ruffalo (Foxcatcher)
Atriz principal: Reese Witherspoon (Wild)
Atriz secundária: Emma Stone (Birdman)
Argumento adaptado: Inherent Vice
Argumento original: The Grand Budapest Hotel

Filipe
Filme: Boyhood
Realizador: Richard Linklater (Boyhood)
Ator principal: Bradley Cooper (American Sniper)
Ator secundário: J.K. Simmons (Whiplash - Nos Limites)
Atriz principal: Marion Coutillard (Two Days, One Night)
Atriz secundária: Patrícia Arquette (Boyhood)
Argumento adaptado: Inherent Vice
Argumento original: Boyhood

Venha a cerimónia para consagrar quem merece... ou não!

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Óscares 2015 - Livre

À partida, não sabia o que esperar deste filme. A opção da realização foi dar vida a um texto através de imagens, ou seja, por imagens mostrar os pensamentos duma mulher que passou três meses num duro trilho com o objetivo de resolver problemas emocionais relacionados, nomeadamente, com a perda da mãe. A epopeia é dura e com obstáculos inesperados mas o que mais custa ultrapassar são os “fantasmas” do passado! Pelo caminho, Cheryl (Reese Witherspoon), sempre a lutar contra a vontade de desistir, vai criando uma aura junto dos restantes caminhantes do trilho pelo que vai deixando escrito nos pontos de apoio por mais de mil quilómetros.
Apesar de muito gráfico, o filme é intensamente introspetivo. Gostei desta opção da realização embora já deva ser esta a forma como o livro está escrito. O que leva Cheryl a fazer sozinha esta enorme caminhada, o drama familiar com a morte da mãe e a separação, não é interessante para mim mas a forma como está apresentado torna-se cativante até porque a questão de saber se ela desiste ou não e o que vai acontecer no final acaba por ser tão importante como perceber o que a levou a tal empreendimento.
O filme conseguiu duas nomeações, ambas de interpretação, para Reese Whitherspoon e Laura Dern. A segunda teve uma boa atuação mas longe de ser "nomeável", na minha opinião. Já Withespoon mereceu a nomeação mas teve, com este filme, uma excelente oportunidade para se transcender e não conseguiu. Com um bom papel conseguiu uma boa performance mas outra atriz, mais talentosa, teria conseguido escancarar as portas do seu futuro na sétima arte. Concretamente, como é que Cheryl passa três meses numa caminhada e está, no fim, fisicamente igual a quando começou. Não perdeu peso, não alterou o tom de pele, até o cabelo parece sempre impecavelmente cuidado! São estes pormenores e outros que revelam os grandes e Witherspoon teve a sua oportunidade mas não se revelou.

Wild - Trailer
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RECOMENDO A AMANTES DA NATUREZA

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Óscares 2015 - Foxcatcher

Gostei de ver este filme por várias razões mas não posso dizer que me tenha enchido as medidas. As interpretações são fantásticas. Qualquer um dos três protagonistas conseguiu transformar-se no aspeto físico, na forma como falam, no andar mas, principalmente, ver um ator como Steve Carrell fazer uma interpretação desta intensidade dramática é algo de verdadeiramente inesperado. Não é por acaso que foi nomeado, tal como Mark Ruffalo que também esteve em grande plano. Até Channing Tatum, de quem não esperava muito, esteve bem. Segundo as críticas e o próprio Mark Schultz no vídeo em baixo, parecia que voltaram atrás no tempo!


O filme retrata uma história que desconhecia por completo. O homem mais rico dos EUA nos anos 1980, John du Pont (Steve Carrell), tem algumas paixões que segue de forma obsessiva e a luta livre é uma dessas paixões, de tal forma que monta um campo de treinos na sua propriedade e a convida os dois melhores wrestlers da atualidade, e campeões olímpicos, os irmão Shultz (Chaning Tatum e Mark Ruffalo) para integrarem a sua equipa, Foxcatcher, e com ele se treinarem para as olimpíadas de Seul. Devido à sua instabilidade emocional provocada por uma relação doentia com a sua mãe, ao abuso de drogas e à vontade de se sentir endeusado, as consequências da sua relação com a equipa de luta livre serão inesperadas.
A história é real e o conteúdo tem tudo para um filme épico mas a verdade é que senti que faltava algo. A trama desenvolve-se de forma lenta de início, o que beneficia a profundidade dramática das personagens, e acelera no final quando a tensão aumenta. Tal como em Nightcrawler, parece claro que algo trágico vai acontecer e John du Pont é o responsável por essa sensação, o que nos deixa inquietos! Mas essa inquietude é ligeira e esta história tinha tudo para nos fazer saltar o coração pela boca. Bennett Miller realiza o seu terceiro filme e consegue a incrível proeza de acumular 16 nomeações para Óscares nesses três filmes e em todos nomeações para Melhor Filme. Ainda assim, parece-me que a sua nomeação para a categoria de realização é desajustada.
Foxcatcher é, para mim, um dos bons filmes deste ano.

Foxcatcher - Trailer

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RECOMENDO PELAS INTERPRETAÇÕES

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Óscares 2015 - Selma: A Marcha da Liberdade

Martin Luther King Jr. foi uma personalidade ímpar do séc. XX americano e o líder maior de uma revolução, com paralelo apenas no indiano Mahatma Gandhi, que conseguiu colocar na agenda política a questão dos direitos cívicos dos negros que, embora já consagrados na constituição, tinham claras restrições à sua aplicação nos estados do sul.
MLK teve vários momentos emblemáticos na sua curta vida e ganhou dimensão política com base na sua capacidade de inspirar e arregimentar pessoas e grupos com os seus discursos incisisvos e inflamados. O discurso "I Have a Dream", após a marcha sobre Washington DC, em frente ao Lincoln Memorial, é, certamente, o mais conhecido de todos mas muitas foram as lutas de MLK e algumas, como a marcha de Selma para Montgomery, muito perigosas e com confrontos que levaram à morte de várias pessoas. Este filme lembra várias dessas lutas. Embora pareça, inicialmente, quase um documentário, acaba por se desenvolver da forma inspiradora que MLK falava às massas. Além disso, retrata várias reuniões com os seus colaboradores do SCLC em que discutiam táticas e estratégias, nomeadamente, o que fazer para quebrar a resistência do xerife de Selma e do governador do Alabama. As conversas com o presidente Lyndon Johnson também ajudam a perceber os desafios políticos daquele período histórico para os americanos, em especial a gestão mediática da cada vez menos popular guerra do Vietname.
Selma foi nomeado para as categorias de Melhor Música, com Glory, e melhor filme. Se na primeira terá as suas chances de ganhar, não sendo uma vitória importante, a segunda nomeação foi uma total surpresa. O que não teria sido uma surpresa era a nomeação de David Oyelowo (MLK) para a categoria de Melhor Ator. Não ganharia mas a nomeação teria sido um prémio justo para um ator que conseguiu encarnar de tal forma a personagem que parecia mesmo o próprio, até pelas suas semelhanças físicas.
Sobre as lutas e a vida de MLK podem continuar a fazer-se filmes porque conteúdo não faltará. Este é um dos bons filmes feitos sobre MLK e é um dos bons e interessantes filmes deste ano.

Selma - Trailer

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RECOMENDO NOMEADAMENTE A QUEM NÃO CONHEÇA ESTA LUTA

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Óscares 2015 - O Repórter da Noite

Este foi um dos filmes que mais gostei de ver nos últimos tempos, e tenho visto muitos! É um filme desconfortável que nos faz desligar do que está à nossa volta e entrar na noite citadina repleta de acidentes e crimes de sangue. A história é dark, muito dark, e é alimentada por uma personagem de mente distorcida e perfil sociopata. Lou Bloom (Jake Gyllenhaal) vê-se obrigado a roubar de tudo para ganhar a vida mas não é por falta de tentativas ou capacidade que não consegue um emprego. Apesar da vida que leva, sempre se dedicou a estudar e a estar informado para poder corresponder às expectativas dum eventual empregador. Esse momento nunca chega e Bloom agarra uma oportunidade que desconhecia existir, filmar resultados sangrentos de acidentes rodoviários e crimes logo após estes terem acontecido e enquanto a polícia ou os bombeiros ainda trabalham nos locais. As imagens são chocantes mas Bloom e Nina (Rene Russo), uma jornalista experiente, não se deixam impressionar e promovem as suas carreiras com base nisso. Mas Bloom está disposto a ir mais além para ter sucesso e eliminar a concorrência.
Jake Gyllenhaal está feito um caso sério de um ator capaz de fazer papéis diferentes e complexos com interpretações de níveis extraordinários. É de uma injustiça tremenda que não tenha sido nomeado para um Óscar com este filme. Já o argumento foi nomeado, e bem. A história desenvolve-se de uma forma em que parece que estamos a adivinhar o que vai acontecer de seguida mas nem queremos acreditar. Talvez este filme peque por não ter um final grandioso, visto que os níveis de adrenalina vão sempre crescendo, mas, por outro lado, é perfeitamente coerente com o resto da história.
O Repórter da Noite é, para mim, um dos melhores filmes deste ano embora num registo diferente dos restantes e pouco comercial.

Nightcrawler - Trailer

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RECOMENDO A PESSOAS NÃO IMPRESSIONÁVEIS E APRECIADORES DO GÉNERO

domingo, 15 de fevereiro de 2015

Óscares 2015 - O Jogo da Imitação

Gostei de ver este filme mas tinha as expectativas demasiado altas o que, geralmente, acaba por fazer com que me desiluda. A história já era conhecida, até há um filme de 2001 (Enigma) sobre o mesmo tema. Ainda assim, este é bem melhor, nomeadamente nas interpretações mas também na realização e algumas subtilezas que achei interessantes.
Neste filme não vemos apenas o esforço de Alan Turing para quebrar a codificação das máquinas alemãs Enigma, viajamos pela sua vida, antes e depois da guerra, e ficamos a conhecer o que o levou a seguir o caminho que seguiu e a tomar as decisões que tomou, além de, claro, ficarmos com uma noção clara do seu génio ímpar e da sua contribuição para a vitória aliada no conflito.
Benedict Cumberbacht é um ator fantástico. Já tinha provado isso em cada papel que aceitou fazer e, mais uma vez, esteve à altura da sua curta mas já impressionante carreira. É, sem dúvida, um dos principais candidatos a levar para casa a estatueta e terá como principais rivais Eddie Redmayne e Bradley Cooper. Confesso que não conhecia o realizador, Morten Tyldum. Não levará o Óscar mas fiquei agradado com o que vi. Estarei mais atento aos próximos capítulos da sua carreira.
Quanto às subtilezas de que falei, no inicio do filme Alan Turing é visitado pela polícia em sua casa e alerta os detetives para cianeto espalhado no chão. Investiguem e digam-me lá se isto não foi mesmo bem metido!
Resta-me dizer que a história de vida de Turing impressiona e revolta e o filme consegue puxar por esses sentimentos sendo com base nisto que digo que este é um dos bons filmes deste ano embora, na minha opinião, não mereça ser muito premiado, muito menos como melhor filme.

The Imitation Game - Trailer

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RECOMENDO BASTANTE A QUEM NUNCA OUVIU FALAR DE ALAN TURING

sábado, 14 de fevereiro de 2015

Óscares 2015 - Sniper Americano

Mais um filme de guerra americano. Mais um herói de guerra. Mais do mesmo? Não, sem dúvida que não. Clint Eastwood é um mestre da sétima arte e a passagem da frente para trás das câmaras só veio beneficiar a industria. Mais um vez, como já nos habituou, as suas personagens mostram uma complexidade acima do normal, muito mais se considerarmos filmes de guerra, e é muito por esta razão que gosto dos filmes de Eastwood. Tal como em Cartas de Iwo Jima e Bandeiras dos Nossos Pais, não vemos aquele hollywoodismo exagerado com tudo a explodir e bocados de corpos por todos os lados. Antes, aborda muito o lado psicológico e emocional dos conflitos armados e as consequências daí decorrentes. Parecem-me filmes muito mais em contacto com a realidade.
Neste filme, baseado em eventos reais, Chris Kyle (Bradley Cooper) é um patriota que teve uma educação rígida e com valores muito bem definidos. Quando chega o momento de defender o seu país, Chris torna-se um sniper de elite responsável por salvar inúmeros soldados americanos na guerra do Iraque. Mas a guerra entra-lhe nas veias e não é fácil voltar para casa!
Bradley Cooper tem uma interpretação perfeita. Começa por ser um cowboy texano mas acaba por tornar-se um sniper de elite e uma referência para imensos soldados. Pelo meio nunca perde aquele modo de ser calmo e responsável, como quem quer salvar o mundo. A sua pronuncia é, também, muito marcada e, disseram-me, que Eastwood costumava gozar com Cooper porque este nunca saiu de personagem enquanto duraram as filmagens.
Sniper Americano é, para mim, um dos filmes do ano.

American Sniper - Trailer

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RECOMENDO A QUEM GOSTA DE VER MAIS DO QUE TIROS E EXPLOSÕES

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Óscares 2015 - A Viagem dos Cem Passos

Quebro agora a regra que me levou a escrever estes últimos posts visto que da Academia não veio nenhuma nomeação para este filme e porque todas as regras têm que ter a sua exceção.
A história deste filme retrata a mudança duma família indiana que foge da violência no seu país, que lhe destruiu o negócio e matou a matriarca, para se instalar numa pequena vila francesa. Esse local não foi escolhido, foi obra do acaso, ou melhor, foi onde o carro em que viajavam perdeu os travões e teve um acidente. Daí em diante retomam a sua atividade e abrem um restaurante indiano “a cem passos” dum restaurante premiado com uma estrela Michelin. Naturalmente, os conflitos começam e o resto terá que ser visto.
Este é um filme ligeiro mas bem feito e animado. Tem drama, romance, diversão e momentos inspiradores. As representações são razoavelmente boas com destaque para Helen Mirren que foi nomeada para um Globo de Ouro. O realizador Lasse Hallström é suficientemente experiente para pegar numa história banal e fazer um filme positivo.

The Hundred-Foot Journey - Trailer


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RECOMENDO NUM DOMINGO À TARDE EM FAMÍLIA

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Óscares 2015 - Birdman ou a Inesperada Virtude da Ignorância

Este é, porventura, o filme que terá originado mais opiniões contraditórias. Há quem tenha adorado e achado um dos melhores filmes que já viu como há quem considere o filme estapafúrdio e desinteressante. Eu estou dos dois lados da barricada... acho! Na verdade continuo sem ter uma ideia clara sobre a minha opinião do filme como um todo, por isso, vou falar do que achei por partes.
Das sete principais categorias, foi nomeado para seis. Produção (Melhor Filme), Realização, Argumento Original e três de interpretação. Além disso, foi também nomeado para três categorias técnicas, Fotografia, Mistura e Edição de Som que o colocaram como o filme mais nomeado do ano. A realização é excecional no sentido em que o ritmo do filme e a abordagem visual dão vida às personagens e são congruentes com o cenário e a história. O argumento é extremamente bem escrito. As interpretações são, na generalidade, muito bem conseguidas com destaque para Edward Norton que esteve, como já nos habituou, genial e também Emma Stone. Michael Keaton, que eu aprecio desde que interpretou Batman, desiludiu-me um pouco. Achei-o algo exagerado ou, como dizem os americanos, entrou em overacting! Das categorias técnicas tenho sempre alguma dificuldade em falar mas posso dizer que adorei a escolha musical. Aquela bateria ritmava os momentos de tensão de forma brilhante. Mas para considerar um filme como melhor do que os outros preciso de aceitar, para mim, que a história é interessante , que me move e não posso deixar de perceber qual o intuito de Iñarritu, que escreve, realiza e produz. E é precisamente neste ponto que tenho dúvidas. Há filmes que abordam fantasias ou distúrbios mentais como se fossem reais mas a realidade é percetível e há outros que entram por completo no irreal, na ficção fantástica sem se preocuparem com as leis mundanas. Tanto uns como outros, sendo bons, terão que ser coerentes e é aí que eu acho que Birdman falha, não é coerente com a própria história. Senão como explicar o que se passa quando Sam (Stone) entra no quarto, na cena final, vai à janela e olha para baixo e para cima com a expressão que tem na cara? Uma coisa ou é real ou é imaginária e eu senti nesse momento que precisava de ver o filme outra vez porque o que eu tinha pensado que era imaginário afinal seria real aos olhos de Sam! É difícil explicar sem revelar a história do filme mas quem já viu perceberá e terá a sua opinião sobre esse momento.
Uma das críticas feita a este filme é de que retrata em pormenor as vicissitudes do mundo do espetáculo deixando quem não pertence a esse mundo sem o perceber em profundidade e sem interesse. Eu diria que essa crítica é absurda senão só nos interessaríamos por assuntos que já conhecemos. Ainda assim, veremos se o facto de quem vota se sentir relacionado com a história, por pertencer ao mesmo mundo, não terá influência na votação!
Birdman é, sem dúvida, um dos filmes do ano, só é pena que ainda não tenha conseguido fazer sentido dele!

Birdman - Trailer

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RECOMENDO COM MENTE MUITO ABERTA