No último fim de semana vi dois filmes que me agradaram de
formas diferentes. O primeiro bem mais do que o segundo.
Começando pelo que mais me agradou, o primeiro que vi foi a
magnífica adaptação do romance de Alexandre Dumas sobre o conflito entre católicos
e protestantes na corte francesa do século XVI, A Rainha Margot. As lutas fratricidas
dos herdeiros ao trono, as conspirações políticas, os assassinatos em nome da
religião e até o massacre da noite de São Bartolomeu (em 1572), estão refletidos
nesta história por entre os amores e indecisões da jovem princesa, que viria a
ser rainha. Este filme reflete bem o grande confronto que havia na Europa do
século XVI entre católicos e protestantes. Os católicos eram liderados pelos
reis de Espanha e pelo papado de Roma e representados em França por Catarina de
Médici, matriarca da família Valois. Os protestantes eram liderados por Isabel
I em Inglaterra e representados em França pelos huguenotes, o almirante Coligny
e o rei Henrique III de Navarra, marido de Margot e representante da família
Bourbon que haveria de tomar o poder após a guerra dos três
Henriques.
É um filme interessante dos pontos de vista histórico,
político e religioso. É, ainda, um filme muito bem representado que nos
transporta facilmente para o auge do período renascentista.
A Rainha Margot - Trailer
RECOMENDO IMENSO, NOMEADAMENTE, A AMANTES DE ROMANCES
HISTÓRICOS E INTERESSADOS NO PERÍODO SEISCENTISTA EUROPEU
Após este clássico francês, vi outra adaptação mas desta
feita de um livro de Charles Dickens de seu nome Nicholas Nickelby. O único
livro que já tinha lido de Dickens foi Um Conto de Natal e também já tinha
visto o filme Oliver Twist. Conhecendo estas três histórias posso dizer que
este autor, aparentemente, centra sempre os seus textos nas mesmas temáticas, a
justiça moral e as desigualdades sociais na Inglaterra do século XIX. Quase que
apetece dizer que quem já leu um livro de Dickens já leu todos mas talvez seja
exagerado tendo em conta que estamos a falar de um dos mais aclamados
escritores da história!
Neste filme, a ambição desmedida e a falta de compaixão e
empatia da personagem do tio são derrotadas pela pureza de alma e sentido de honra
e retidão moral da personagem principal. Confesso que, a páginas tantas, a
personagem principal, Nicholas Nickelby, já me irritava de tão anjinho que era!
Dá-lhe uma certa noção de irrealidade. Enfim, o Bem sempre triunfa em Dickens.
Talvez seja essa previsibilidade que não acho apelativa neste autor.
De notar que, como sempre, Christopher Plummer enche o ecrã
e faz-nos mesmo detestá-lo! Mais um trabalho primoroso. Além deste "monstro", o filme tem um elenco muito bom mas fica a desilusão pelo pequeno papel de Alan Cumming!
Nicholas Nickelby - Trailer
RECOMENDO A SEGUIDORES DE DICKENS E FANS DE FINAIS FELIZES