domingo, 30 de setembro de 2012

A Rainha Margot e Nicholas Nickelby


No último fim de semana vi dois filmes que me agradaram de formas diferentes. O primeiro bem mais do que o segundo.

Começando pelo que mais me agradou, o primeiro que vi foi a magnífica adaptação do romance de Alexandre Dumas sobre o conflito entre católicos e protestantes na corte francesa do século XVI, A Rainha Margot. As lutas fratricidas dos herdeiros ao trono, as conspirações políticas, os assassinatos em nome da religião e até o massacre da noite de São Bartolomeu (em 1572), estão refletidos nesta história por entre os amores e indecisões da jovem princesa, que viria a ser rainha. Este filme reflete bem o grande confronto que havia na Europa do século XVI entre católicos e protestantes. Os católicos eram liderados pelos reis de Espanha e pelo papado de Roma e representados em França por Catarina de Médici, matriarca da família Valois. Os protestantes eram liderados por Isabel I em Inglaterra e representados em França pelos huguenotes, o almirante Coligny e o rei Henrique III de Navarra, marido de Margot e representante da família Bourbon que haveria de tomar o poder após a guerra dos três Henriques.
É um filme interessante dos pontos de vista histórico, político e religioso. É, ainda, um filme muito bem representado que nos transporta facilmente para o auge do período renascentista.


A Rainha Margot - Trailer

RECOMENDO IMENSO, NOMEADAMENTE, A AMANTES DE ROMANCES HISTÓRICOS E INTERESSADOS NO PERÍODO SEISCENTISTA EUROPEU

Após este clássico francês, vi outra adaptação mas desta feita de um livro de Charles Dickens de seu nome Nicholas Nickelby. O único livro que já tinha lido de Dickens foi Um Conto de Natal e também já tinha visto o filme Oliver Twist. Conhecendo estas três histórias posso dizer que este autor, aparentemente, centra sempre os seus textos nas mesmas temáticas, a justiça moral e as desigualdades sociais na Inglaterra do século XIX. Quase que apetece dizer que quem já leu um livro de Dickens já leu todos mas talvez seja exagerado tendo em conta que estamos a falar de um dos mais aclamados escritores da história!
Neste filme, a ambição desmedida e a falta de compaixão e empatia da personagem do tio são derrotadas pela pureza de alma e sentido de honra e retidão moral da personagem principal. Confesso que, a páginas tantas, a personagem principal, Nicholas Nickelby, já me irritava de tão anjinho que era! Dá-lhe uma certa noção de irrealidade. Enfim, o Bem sempre triunfa em Dickens. Talvez seja essa previsibilidade que não acho apelativa neste autor.
De notar que, como sempre, Christopher Plummer enche o ecrã e faz-nos mesmo detestá-lo! Mais um trabalho primoroso. Além deste "monstro", o filme tem um elenco muito bom mas fica a desilusão pelo pequeno papel de Alan Cumming!


Nicholas Nickelby - Trailer

RECOMENDO A SEGUIDORES DE DICKENS E FANS DE FINAIS FELIZES

domingo, 23 de setembro de 2012

Os Caminhos do Aqueduto


No último verão, à boleia do Grupo Desportivo e Cultural da empresa onde trabalho, visitámos um dos monumentos mais interessantes de Lisboa, tanto pela sua vertente arquitetónica e cultural como pelo impacto sócio económico que teve na cidade aquando da sua construção. 

As estórias ligadas à decisão de avançar com o projeto, planeamento, efetiva construção e diversas alterações ao plano original conforme se sucediam os respetivos responsáveis, são tão extensas e variadas que não vou sequer tentar resumi-las. Há volumes literários que se debruçam sobre estas temáticas de forma pormenorizada. Importa apenas dizer que o Aqueduto entrou em funcionamento poucos anos antes do grande terramoto de 1755 e foi dos poucos edifícios que se manteve de pé na cidade (falo, nomeadamente, do vão sobre o vale de Alcântara). É também interessante saber que foi uma obra que durou vários anos a ser edificada e que, após a sua conclusão, não servia por completo as necessidades da cidade, embora representasse um incremento considerável na distribuição de água. 

A visita foi dividida por dois dias. Inicialmente, visitámos um troço de algumas centenas de metros entre o Reservatório da Patriarcal, situado por baixo do jardim do Príncipe Real, e o miradouro de São Pedro de Alcântara. Percorremos esta distância, sempre por baixo do chão, através da Galeria do Loreto. Noutro dia passámos o Aqueduto a pé por cima do vale de Alcântara, aquele dos arcos ogivais com quase um quilometro de comprimento e 65 metros de altura. Algumas pessoas não acharam piada a toda esta distância para terra firme e a solução encontrada foi andarem sempre longe do muro exterior! Será que por medo de aparecer o Pancadas (Diogo Alves)? Mas esse não foi condenado à morte e logo enforcado? Até dizem que tem a cabeça decepada guardada num frasco algures para lhe estudarem a mente!!! Enfim, foi uma experiência muito interessante, mais ainda para os fotógrafos wannabe do grupo! Depois, como no primeiro dia, tornámos a descer abaixo do chão e fomos até ao Reservatório da Mãe d’Água nas Amoreiras. 


Reportagem sobre o Reservatório da Patriarcal

Por cerca de 2€, são visitas que aconselho vivamente pela experiência de percorrer um monumento imponente da cidade que tão importante foi para a melhoria das condições de vida dos lisboetas e, de uma forma sempre atual no nosso país, tão grande derrapagem financeira representou às cortes de então.

Site do Museu da Água
Blog do Museu da Água  
Marcação de visitas: 218 100 215 ou museu@epal.pt

RECOMENDO COM UMA GUIA CATIVANTE COMO BÁRBARA BRUNO

domingo, 29 de julho de 2012

De Viriato ao Berço da Nação #6 (Guimarães)






1 - Nós e o papá (parte I)
2 - A conquistadora
3 - Nós e o papá (parte II)
4 - Património da Humanidade da UNESCO
5 - A fabulosa Ute Lemper na Capital Europeia da Cultura

Chegámos à última etapa deste périplo nortenho e que melhor forma de acabar a viagem do que visitar a atual capital europeia da cultura que é também património da humanidade segundo a UNESCO, pelo menos o seu centro histórico, e a primeira capital deste nosso retângulo. Começámos pelo Paço dos Duques de Bragança, o palácio que fica mesmo ao lado da estátua do nosso fundador, e de seguida, depois de uma Sagres fresquinha (estava muito calor!), subimos um pouco mais na direção do castelo. Estar situado no topo de uma colina confere-lhe uma certa imponência à qual é difícil ser-se indiferente!
Depois, o centro histórico. Não foi à toa que a UNESCO distinguiu Guimarães! Ser português e não conhecer esta bela cidade, extraordinariamente bem conservada, é como ser muçulmano e não querer ir a Meca pelo menos uma vez na vida.
Uma francesinha farçola acompanhada de uma Erdinger foi o mote para nos pormos a caminho em direção à recentemente restaurada Plataforma das Artes, antigo mercado municipal. O espaço ficou fantástico e melhorou com a performance de Ute Lemper, uma artista alemã que interpreta música de cabaret (e não só) ao bom estilo de Edith Piaf e Marlene Dietrich. Acabámos, assim, a noite ao som de uma interepretação magnífica, digna de destaque individual numa próxima publicação.   

sábado, 28 de julho de 2012

De Viriato ao Berço da Nação #5 (Braga)





1 - Próximo reforço do SC Braga
2 - Em contactos inadiáveis, junto à Sé
3 - A meio caminho do Bom Jesus

sexta-feira, 27 de julho de 2012

De Viriato ao Berço da Nação #4 (Mirandela e Bragança)





1 - Rio Tua, Mirandela
2 - Ponte Velha de Mirandela à noite
3 - As muralhas do castelo de Bragança
4 - A Torre de Menagem do castelo de Bragança

Continuamos nesta demanda estóica de conhecer os pratos típicos das regiões nortenhas deste nosso Portugal. Em Alfândega da Fé degustámos as famosas "Cascas", semelhante ao cozido à Portuguesa mas a acompanhar surge um tipo de feijão que é seco com a vagem e torna o prato ainda melhor, para quem é fã de leguminosas como eu. Em Mirandela provámos Pacassa no restaurante "Santiago" que desconheciamos tratar-se de um bovino bem apetitoso. O prato surgiu acompanhado com umas batatas fritas com pele e salpicadas de maionese. Uma verdadeira bomba calórica!
Ficámos encantados com Bragança. Valem bem as nove horas de distância (que na verdade já não são) para percorrermos as ruelas do castelo que, até agora, é o mais belo que visitámos. É curioso verificar que, apesar de ter sido erigido em 1187, está em perfeitas condições, muito bem conservado e apto a receber uma donzela à espera do seu cavaleiro!

quinta-feira, 26 de julho de 2012

De Viriato ao Berço da Nação #3 (Douro Vinhateiro e Trás-os-Montes)






1 - Vista do Santuário de Cerejais, Alfândega da Fé
2 - Um slalom pela vinha Dona Berta, na Quinta do Carrenho
3 - Rio Douro à passagem no Pocinho
4 - Vista do Hotel & Spa "Alfândega da Fé"

Por aqui também está na moda caminhar (ou se calhar sempre esteve). Mulheres, geralmente aos pares, combinam às sete da manhã (ou às sete da tarde, para as que não têm problemas de ficarem abrasadas) quando o sol ainda é fraco mas o calor já é muito. Por entre olivais, cerejais e amendoais, em terrenos que por cá se chamam prédios, lá se caminha meia dúzia de quilómetros para desenferrujar as pernas e ganhar energia para mais um dia na montanha, colhendo pelo caminho algumas ervas que se sabe serem boas para as doenças do fígado e afins, como por exemplo o fiolho - foeniculum vulgare - que é bom de se secar em casa pelo seu cheiro agradável e propriedades diuréticas. Nestas caminhadas aprende-se muito (pelo menos eu) e deixo-vos com uma das superstições destas bandas - tem de se dar obrigatoriamente o nome de Eva à setima filha, para que esta seja saudável.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

De Viriato ao Berço da Nação #2 (Triângulo Beirão)










1 - Miradouro de Santiago, Lapa (meia-noite)
2 - Velharia ou utilitário?
3 - Dentro das muralhas de Trancoso
4 - Bandarra, o Nostradamus português
5 - O Castelo visto de Penedono
6 - Penedono visto do Castelo

De Viriato ao Berço da Nação #1 (Viseu)




1 - Viseu e viseenses
2 - Rua do Comércio

Viseu é uma cidade de pedra escura, com resquícios medievais e, talvez por isso, a melhor hora para a fotografar seja à noite.
Chegámos à hora do jantar e não resistimos ao Arroz de Carqueija no "Cortiço" servido num caçarola de barro escuro que torna tudo mais apetitoso.
O largo junto à estátua de D. Duarte estava pronto para albergar um concerto ao ar livre que atraiu alguma gente ao local salpicando a rua direita e vizinhas com uma passada vagarosa ao ritmo de uma noite quente de Verão que só o norte sabe proporcionar.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Museu do Queijo de Azeitão

No passado dia 26 de Maio ocupámos a nossa manhã a visitar a Quinta Velha Queijeira em Azeitão e, entre burros com o cio e cardos, aprendemos como é que se faz o famoso, apetitoso e dispendioso Queijo de Azeitão.


Num ambiente descontraído e simpático, o anfitrião, de seu nome Francisco, contou-nos a história da sua família e, associada a esta, a história do queijo de Azeitão. Ficámos a conhecer todo o processo e timings desde que o leite é mungido da cabra até à cura, já embrulhado em pano. Se este post ainda não vos motivou a darem um pulinho até lá, adianto que há tempo para fazer queijo com as nossas próprias mãos e prová-lo, acompanhado de um moscatel caseiro que é de se lhe tirar o chapéu.

Fotos

RECOMENDO VIVAMENTE, ESPECIALMENTE COM CRIANÇAS

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Band of Brothers e The Pacific

Hoje trago-vos duas séries muito premiadas e do melhor que se pode ver na TV.
No rescaldo do filme O Resgato do Soldado Ryan, Steven Spielberg e Tom Hanks ficaram com imenso material interessante, resultado da investigação para o filme, que decidiram, e bem, não desperdiçar. Com este material criaram a série Band of Brothers. The Pacific veio depois mas não lhe fica atrás!

Band of Brothers

Esta série foi estreada em 2001 e conta a história dos soldados da companhia Easy, integrantes da mítica divisão 101ª aerotransportada, desde o treino em solo americano, passando pelo desembarque na Normandia, neste caso largados do ar, pelas inúmeras batalhas em solo francês, belga, holandês e alemão, até à vitória final e tomada da casa de férias de Hitler, o Ninho da Águia, tudo em dez episódios.
Toda a série é de um realismo visual impressionante, bem ao estilo do filme que a originou. As cenas de guerra são intensas e totalmente despidas de censura. O segundo episódio mostra o ataque a Brecourt Manour e homenageia os soldados que o levaram a cabo. Ainda hoje este ataque é estudado na academia militar de West Point. O sétimo episódio relata bem todo o horror da Ofensiva das Ardenas ou Batalha do Bulge. Nesta ofensiva a Wermacht impôs muitas baixas no exército aliado, fato bem capturado neste episódio. É possível também ver as privações pelas quais os soldados passavam devido ao rigoroso clima da Europa Central no mês de janeiro. No nono episódio, a companhia Easy depara-se com um campo de concentração em Landsberg. Este episódio impressiona mais pelo estado das pessoas e as condições em que viviam do que pelas cenas de combate.


Em todos os episódios as cenas inicial e final são relatadas por veteranos das respetivas batalhas. No último episódio conhece-se o nome desses veteranos, precisamente os efetivos ainda vivos da companhia Easy que se veem ao longo de toda a série. Um pormenor que acrescenta realismo a uma série já por si muito autêntica.


The Pacific

No seguimento de Band of Brothers, esta série, também em dez episódios, contém o mesmo realismo visual em cenas de batalha da sua predecessora. Desta vez não é seguida uma companhia mas três marines de diferentes regimentos da 1ª divisão da marinha. Os marines são Eugene Sledge, Robert Leckie e John Basilone, o herói de Guadalcanal. Esta série relata as dificuldades que a marinha norte americana sentia no palco de guerra do pacífico a lutar contra a expansão japonesa. Guadalcanal, Gloucester, Pavuvu, Banika, Peleliu, Iwo Jima e Okinawa são os cenários de batalha mostrados. Mais uma vez as cenas de batalha são tremendas e de um realismo atroz. O sofrimento é sempre grande num palco de guerra mas neste caso aumentado pela dificuldade de ambientação ao clima tropical da zona.

Seguindo esta série é possível perceber o rumo que a guerra tomou no Pacifico. A dificuldade inicial em confrontar o domínio territorial japonês transformou-se numa vitória estrondosa, na ocupação militar do Japão e na deflagração das duas bombas atómicas de Hiroshima e Nagasaki.


RECOMENDO A QUEM GOSTA DE HISTÓRIA E GUERRA

domingo, 6 de maio de 2012

A Controvérsia de Valladolid


Na sequência das comemorações do quadragésimo aniversário do Teatro da Comuna, o Teatro São Luiz estreou esta peça de grande interesse cultural e pedagógico sobre a questão moral e política da conquista espanhola das Américas e do seu relacionamento com os povos indígenas.

O texto refere-se a um encontro ocorrido em  meados do século XVI, na cidade espanhola de Valladolid, entre o frade Bartolomé de las Casas e o filósofo Juan Ginés de Sepúlveda. Este encontro pretendia levar a discussão a natureza humana e moral dos povos submetidos ao jugo dos colonos espanhóis e daí tirar uma conclusão, ou os indígenas eram iguais aos espanhóis e os colonos teriam que os libertar ou eram de outra espécie, inferior, e teriam que continuar a ser submetidos de forma a serem purificados pelo cristianismo que lhes salvaria a alma. O mediador desta discussão, um cardeal enviado pelo Papa, tinha o poder de tomar uma decisão com efeito vinculativo após ouvir os dois intervenientes. Bartolomé de las Casas defendia que os índios têm alma, sentimentos e expressões humanas e que eram os espanhóis que os maltratavam sem terem sido agredidos, algo que tinha presenciado. Já Sepúlveda, que nunca tinha estado no Novo Mundo, defendia que o povo mais avançado do mundo, os espanhóis, tinha o direito divino de submeter os locais, povos atrasados no que respeita à fé e à cultura, ao seu domínio.

A peça vale pelo texto que é fantástico. A argumentação de cada uma das personagens é muito interessante e permite-nos refletir sobre a situação existente e as razões que levava cada um dos lados à defesa da sua posição. A conclusão do cardeal é polémica e o fim da peça é, no mínimo, inesperado mas muito “à época”!

Texto – Jean-Claude Carrière
Encenação – João Mota
Bartolomé de las Casas – Carlos Paulo
Juan Ginés de Sepúlveda – Virgílio Castelo
Cardeal – Álvaro Correia

Preço: 17 € (8,5 € para estudantes e 11,90 € para grupos de 10 ou mais)

RECOMENDO NUMA PRÓXIMA VEZ EM CENA

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Feira do Livro de Lisboa


Mais um ano, mais uma visita. Abriu ontem a 82ª edição desta feira e, desta vez, atacámos forte logo no primeiro dia. Sete livros comprados, entre eles um clássico quase bíblico, um infantil e um autor desconhecido mas que promete. 

Comecemos pelas minhas escolhas e pela super aquisição do dia. Ao passar pela Relógio D'Água dei de caras com um "livro do dia" de que ouvi falar milhentas vezes e sobre o qual estudei algumas partes e suas consequências no século XX. Já deu para perceber que não estou a falar dum romance! John Maynard Keynes, um dos economistas mais proeminentes da história e um marco no tempo da Grande Depressão, escreveu a sua "bíblia" em 1936 de seu nome Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda. A obra foi de tal forma importante que fundou um escola de pensamento com o seu nome por oposição à existente escola neoclássica. A grande diferença passa pela percepção de Keynes de que um estado intervencionista na economia poderia corrigir e ajudar a menorizar o impacto dos conhecidos ciclos económicos, tema extremamente interessante nos anos 30 do século anterior. A escola neoclássica defendia o oposto, que as forças de mercado levariam ao equilíbrio entre oferta e procura e que o crescimento económico seria mais fulguroso sem intervenção estatal. Para mais detalhes aproveitem a oportunidade porque 8€ não é nada tendo em conta a qualidade do livro.
Na Gradiva faço paragem habitual e ontem não foi excepção. Por sorte, O Anjo Branco do José Rodrigues dos Santos era "livro do dia" e por menos 10€ veio morar comigo. Li os três primeiros dele e gostei - adorei a Ilha das Trevas. Deste escritor só me falta o último que só vou poder comprar no próximo ano porque este ano não será "livro do dia" e eu não sou rico!
Por último lancei-me numa novidade. Disseram-me que o Ricardo Adolfo tem muito talento e que estará ao nível de Gonçalo M. Tavares, José Luís Peixoto e Valter Hugo Mãe. Gosto desta nova geração de escritores portugueses e arrisquei, por 10€ comprei Depois de Morrer Aconteceram-me Muitas Coisas. Destaco, ainda, os vendedores da editora Objectiva, apaixonados de leitura, dos seus escritores e gente muito simpática.

A Tania estragou-se um pouco mais do que eu! Começou pel' A Catedral do Mar do catalão Ildefonso Falcones. Já lhe tinham falado do livro e há umas semanas atrás estivemos em Barcelona e entrámos nesta catedral. Na altura a Irene disse que havia um livro muito bom sobre aquilo, então, por 13,65€, menos 6€ do que o pvp, a Tania lá cedeu à tentação e fez uma boa aquisição.
Onde comprámos o livro do Ricardo Adolfo comprámos também A Morte de Bunny Munro do Nick Cave. Sim, esse mesmo que canta e encanta. Diz a publicidade que é "um romance irreverente de um músico de culto". Veremos se surpreende, é uma incógnita.
Na Assírio e Alvim comprámos o livro mais feio do dia! Os Passos em Volta de Herberto Helder é todo cor-de-laranja e não tem mais do que o nome do livro, do autor e da editora impressos a preto na capa. A contra-capa tem um código de barras com o ISBN. É de capa rija que é algo que odeio. Um livro tem que poder ser dobrado e manipulado à vontade. É para ser usado, não é para ficar bem na estante e resistir ao tempo sem mácula. Para aumentar o suspense, o livro vem embrulhado num celofane como se de uma relíquia se tratasse! Estou muito desconfiado! Não conheço o autor e nunca vi nada assim. Não me cativou mas, pelos vistos, a Tania gosta destas esquisitisses e trouxe-o para aproveitarmos um desconto de quantidade na Porto Editora!
Para finalizar, e a conta já vai grande (!), um livro infantil escrito por José Luís Peixoto e muito bem ilustrado por Daniel Silvestre da Silva de seu nome A Mãe que Chovia. É quadrado, de capa rija e o texto conta a história de um rapaz, filho da chuva, que terá que aprender a partilhar o seu amor materno com o mundo por necessidade de todos. A Tania diz que gosta muito de livros infantis e já o leu hoje de manhã, será que me está a querer dizer alguma coisa?!!!

Isto já vai longo mas não acabo sem fazer uma crítica à APEL que organiza a feira e gere o site. Mais uma vez é difícil fazer uma simples pesquisa do livro do dia por livro, por autor ou por editora. Se o quisermos fazer teremos que percorrer toda a listagem de livros do dia diariamente, o que é absurdo. É com estas atitudes, propositadas, que descemos à Terra e nos apercebemos que isto não passa dum negócio! Que tristeza!


RECOMENDO TODOS OS DIAS ATÉ 13 DE MAIO

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Aldeia da Lapa

Já a pensar nas férias deste ano que, tendo em conta os cortes nos subsídios,  terão de ser obrigatoriamente caseiras, lembrei-me de escrever sobre a aldeia mais bonita de Portugal!


Talvez exista alguma falta de imparcialidade na última afirmação, já que é a aldeia onde o meu pai nasceu, mas de qualquer forma, quem já lá foi diz que vale a pena.
Conhecida no mundo religioso pelo Santuário da Nossa Senhora que salvou a pastora Joana, não se restringe a um lugar de fé. Situada no cimo da serra com o mesmo nome, a 915 metros de altitude, tem um carisma e misticismo muito especiais, impossíveis para mim de transcrever. Julgo que as fotos aqui, tomarão um papel preponderante.


A cerca de 50 quilómetros de Viseu, entre Aguiar da Beira e Moimenta da Beira, encontra-se rodeada por quatro Miradouros que marcam os pontos cardeais, onde, pelo que me contaram, se juntavam os peregrinos, que já avistando a torre da igreja, prosseguiam juntos em romaria.


O trigo, o pão de azeite, a bola de carne e o queijo são iguarias imprescindíveis numa visita a esta aldeia, por muito breve que seja. Depois, para esmoer, o ideal é dar uma volta a pé pela serra, descobrir a nascente do rio Vouga, o talefe para os lados do Miradouro de Santiago e, um pouco mais longe mas de paragem obrigatória, os Moinhos do Vouga, onde o rio já adquire um caudal jeitoso e pinta de verde as montanhas rochosas.


Para explorar:
Localização
Blog de Fotografias do Nuno
Página "Oficial"

RECOMENDO MUITO

domingo, 1 de abril de 2012

Courrier Internacional

Quando, há uns anos, este conhecido título francês se lançou em Portugal comprei a primeira edição e adorei. Na altura, em formato de jornal, foi, para mim, uma lufada de ar fresco no jornalismo de investigação disponível em português. Agora o formato é diferente, uma revista de edição mensal com um grafismo sóbrio mas moderno em que os artigos, ilustrados de forma superior, estão sempre agrupados em cinco temas, Conhecer, Olhar, Saber, Explorar e Desfrutar.

Nº 177 - Novembro de 2010

Agrada-me, nesta revista, que funcione como um apanhado dos melhores artigos publicados na imprensa estrangeira sobre um determinado tema. O tema de capa junta mais artigos com várias visões dos vários lados do assunto mas há, também, outros temas que dão a esta publicação um caráter algo multifacetado. A política não poderia deixar de estar presente mas de uma forma interessante, abordando, muitas vezes, a estratégia,  a geoestratégia, os interesses e as alianças mais do que a simples politiquice partidária a que estamos habituados (e fartos!).

 Nº191 - Janeiro de 2012

Em cada artigo temos, para além do título, uma breve descrição e o jornal ou revista que o publicou bem como a cidade de que faz parte. Para além desta informação temos também o nome do autor, a data de publicação original e o nome do tradutor. Sabendo que esta revista junta artigos de várias partes do mundo e que, posteriormente, terão de ser traduzidos, é fundamental ter conhecimento da data de publicação.
Na edição portuguesa o primeiro artigo é sempre dedicado a Portugal. Na revista nº 193, de Março de 2012, a última que recebi, o primeiro artigo, da responsabilidade do The Washington Post, faz referência a um livro de um autor britânico que relata os dias passados em Lisboa durante a 2ª Guerra Mundial, sem combates naturalmente, e as relações de Salazar com os aliados e os alemães durante esse período. 

 Nº 193 - Março de 2012


RECOMENDO A ASSINATURA

terça-feira, 27 de março de 2012

Coasteering

Já foi quase há um ano, mas continuo a sentir um fluxo de adrenalina só de me lembrar desta experiência.De tudo o que anda por aí dito "radical", o coasteering é sem dúvida a minha luva. Um dia inteiro dentro de água, a explorar recantos da costa portuguesa, saltando de alturas inimagináveis, numa atividade que resumir em "Aventura em rappel e saltos para a água" é muito pouco. 


Experimentámos pela Vertente Natural, em Sesimbra, e é sem sombra de dúvidas uma aventura a repetir. Temos que estar na doca cedinho para um pequeno briefing e vestir os fatos de neoprene, colocar capacetes e luvas. Convém levar calçado desportivo para estragar e com boa aderência ao solo. 


O primeiro salto foi logo um dos piores e aqui a je foi logo a primeira a seguir ao instrutor - PURA ADRENALINA :) 


Depois nada-se, escala-se, "rappela-se", "slida-se", salta-se e desemboca-se na praia semisselvagem Ribeira do Cavalo, um cenário completamente paradisíaco. O regresso pela encosta da praia é extenuante mas completamente compensatório. Experimentem!




RECOMENDO MUITÍSSIMO

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

X-Men

Decidimos, recentemente, começar a ver (nalguns casos rever) sagas cinematográficas que tenham ficado célebres na história do cinema e que sejam do nosso agrado, naturalmente. Infelizmente, não temos disponibilidade para ver todos os filmes em sessões contínuas mas tentamos ver um por dia em dias seguidos e, mesmo assim, nem sempre é possível!

Começámos pelos super heróis da Marvel, X-Men. Nunca me deu para ler os livros quando era mais novo mas gosto muito deste género de filmes. Vi-os quase todos no cinema e revê-los, agora de seguida, foi um prazer enorme, é claro que a este prazer não é alheia a presença da escultural Mystique. Não ter que esperar três anos para seguir uma história parece ser um luxo! Não deixa de ser curioso que a primeira saga que vos trago não tenha sido completada da nossa parte. Dos cinco filmes ainda nos falta ver um, precisamente o último que esteve à bem pouco tempo no cinema.

Estes filmes estão carregados de ação, efeitos especiais muito bem conseguidos e histórias bem interessantes. Ou seja, não é só tiros e porrada! Nesta saga foi feito algo que me agrada sempre. Começaram por lançar os três filmes referentes à história central e depois mais dois, duas prequelas, que nos permitem perceber melhor a história e o porquê da existência de determinadas situações. O facto dos três primeiros filmes terem sido um sucesso e de ser expectável que mais filmes pudessem dar mais lucro aos estúdios também deve ter pesado na decisão. Ainda assim, ainda bem que o fizeram.

Vejam, ou revejam, o trailer oficial do primeiro X-Men e explorem os links de todos os filmes da saga:


X-Men (2000)
X-Men 2 (2003)

Próxima saga: Matrix

RECOMENDO À NOITE, EM HD E COM PIPOCAS

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

House M.D.

Soube, recentemente, que esta fantástica série de televisão vai acabar ao fim de oito anos de emissões, audiências record e inúmeros prémios ganhos incluindo cinco Emmy’s e dois Globos de Ouro. Esta oitava temporada já não conta com alguns personagens que faziam parte do núcleo central da história. Apesar das saídas não terem sido forçadas, seguiram harmoniosamente o rumo dos acontecimentos, não deixam de se fazer sentir para quem, como eu, sigo a série desde o primeiro episódio da primeira temporada. Quero com isto dizer que se adivinhava o fim num futuro breve.

Esta série conta a história de um departamento de diagnóstico do hospital universitário Princeton-Plainsboro liderado por um médico, Gregory House, que, apesar de genial, tem comportamentos muito pouco ortodoxos tanto a nível pessoal como profissional. É anti-social convicto, acredita que toda a gente mente e usa o sarcasmo como arma de arremesso. Devido a esta sua personalidade, não consegue manter relacionamentos próximos tendo apenas um amigo, James Wilson, o chefe do departamento de oncologia, com uma personalidade oposta à sua. Espera da sua equipa um comportamento sempre desafiante e acredita que o conflito dá origem a resultados positivos. A relação com a diretora do hospital é, no mínimo, interessante e o seu uso, e abuso, de Vicodin, um analgésico poderoso e viciante, traz-lhe alguns dissabores ao longo dos anos.


Na minha opinião é uma das séries mais bem escritas e mais criativas que já vi. As particularidades médicas ficam para segundo plano. Vale a pena aproveitar os últimos episódios, que passam todas as segundas-feiras à noite na FOX, antes de acabar se bem que, quem não segue de início fica sem compreender algumas (ou muitas!) coisas.
Ao melhor jeito de Nostradamus, prognostico a morte de House no último episódio. Será?


RECOMENDO DESDE O 1º EPISÓDIO

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

A Fúria das Vinhas - Francisco Moita Flores (2007)

Ao vasculhar possíveis oportunidades numa feira do livro deparei-me com este e agarrei-o de imediato. Não que pensasse que este livro fosse uma obra prima ou uma raridade, apenas desconhecia que o senhor detective escrevesse romances. Tenho ouvido falar muito de Francisco Moita Flores, pelo facto de já ter sido investigador na Polícia Judiciária, pelas opiniões de especialista que tem em alguns casos de polícia mais mediáticos,  mas também pelos guiões que escreveu para séries de televisão que eu nunca tive oportunidade de ver mas que sempre tive curiosidade pelas críticas que tiveram.

Este livro não é mais do que a história que esteve na base da série “A Ferreirinha”. Retrata os últimos anos de vida de Dona Antónia Ferreira em finais do século XIX, a luta contra a filoxera, a praga mais devastadora da viticultura mundial e, em particular, da produção vitivinícola da região do Douro, a sua relação com os governantes, que desprezava, os amigos e a sua família. Este foi um período em que começou a aparecer, na Europa, a relação entre ciência e investigação criminal e este é, também, um dos focos do autor através da curiosa e interessante personagem Vespúcio Ortigão, um bacharel estudioso e despegado de ideias pré concebidas que se interessa por um caso de assassinato.

A escrita de Moita Flores é de leitura fácil mas muito rica. O texto é cativante e o cenário é descrito de forma extraordinária. Posso garantir que vi com uma clareza impressionante os socalcos do Douro, os rabelos carregados rio abaixo, a chuva a cair nas vinhas e tantos outros momentos descritos, assim é a sua escrita.

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RECOMENDO DE INVERNO, À LAREIRA E ACOMPANHADO DE VINHO TINTO

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Melech Mechaya

Hoje trago-vos Melech Mechaya. Quem não sabe o que é anda distraído do panorama musical nacional. Esta banda é relativamente recente mas já tem dado que falar nos palcos portugueses e nalgumas incursões pelo território dos nossos vizinhos espanhóis. Pelo nome, devem ter raízes judaicas mas é apenas um palpite! Só têm cinco anos de conjunto mas já dois álbuns de originais editados. Não se sintam mal, também não conheço estes rapazes há muito tempo mas já fazem parte do meu calendário musical para o verão.
O género musical segue os muito conhecidos Gogol Bordello, Beirut e o enorme Emir Kusturica, ou seja, música dos Balcãs com toda a sua energia, ritmo eletrizante e uso de instrumentos variados em que o clarinete e o violino têm papel de destaque.
O vídeo em baixo é uma produção premiada em Portugal e no estrangeiro da música Dança do Desprazer, do primeiro álbum da banda, Budja Ba.


Álbuns
2008 – Melech Mechaya (EP)
2009 – Budja Ba
2011 – Aqui em baixo tudo é simples

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