domingo, 22 de fevereiro de 2015

E se nós mandássemos nos Óscares (2015)

Este ano superámos a epopeia do ano passado, foram dezoito os filmes que vimos e aqui escrevemos sobre eles. Tal como no ano passado, foi com imenso gosto que nos dedicámos neste objetivo, dando a nossa opinião mais genuína. Para concluir o trabalho, divulgamos em baixo as nossas escolhas antes da atribuição dos prémios. Então aqui vai, se nós mandássemos nos Óscares ganhariam estes:

Tania
Filme: Whiplash - Nos Limites
Realizador: Richard Linklater (Boyhood)
Ator principal: Bradley Cooper (American Sniper)
Ator secundário: Mark Ruffalo (Foxcatcher)
Atriz principal: Reese Witherspoon (Wild)
Atriz secundária: Emma Stone (Birdman)
Argumento adaptado: Inherent Vice
Argumento original: The Grand Budapest Hotel

Filipe
Filme: Boyhood
Realizador: Richard Linklater (Boyhood)
Ator principal: Bradley Cooper (American Sniper)
Ator secundário: J.K. Simmons (Whiplash - Nos Limites)
Atriz principal: Marion Coutillard (Two Days, One Night)
Atriz secundária: Patrícia Arquette (Boyhood)
Argumento adaptado: Inherent Vice
Argumento original: Boyhood

Venha a cerimónia para consagrar quem merece... ou não!

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Óscares 2015 - Livre

À partida, não sabia o que esperar deste filme. A opção da realização foi dar vida a um texto através de imagens, ou seja, por imagens mostrar os pensamentos duma mulher que passou três meses num duro trilho com o objetivo de resolver problemas emocionais relacionados, nomeadamente, com a perda da mãe. A epopeia é dura e com obstáculos inesperados mas o que mais custa ultrapassar são os “fantasmas” do passado! Pelo caminho, Cheryl (Reese Witherspoon), sempre a lutar contra a vontade de desistir, vai criando uma aura junto dos restantes caminhantes do trilho pelo que vai deixando escrito nos pontos de apoio por mais de mil quilómetros.
Apesar de muito gráfico, o filme é intensamente introspetivo. Gostei desta opção da realização embora já deva ser esta a forma como o livro está escrito. O que leva Cheryl a fazer sozinha esta enorme caminhada, o drama familiar com a morte da mãe e a separação, não é interessante para mim mas a forma como está apresentado torna-se cativante até porque a questão de saber se ela desiste ou não e o que vai acontecer no final acaba por ser tão importante como perceber o que a levou a tal empreendimento.
O filme conseguiu duas nomeações, ambas de interpretação, para Reese Whitherspoon e Laura Dern. A segunda teve uma boa atuação mas longe de ser "nomeável", na minha opinião. Já Withespoon mereceu a nomeação mas teve, com este filme, uma excelente oportunidade para se transcender e não conseguiu. Com um bom papel conseguiu uma boa performance mas outra atriz, mais talentosa, teria conseguido escancarar as portas do seu futuro na sétima arte. Concretamente, como é que Cheryl passa três meses numa caminhada e está, no fim, fisicamente igual a quando começou. Não perdeu peso, não alterou o tom de pele, até o cabelo parece sempre impecavelmente cuidado! São estes pormenores e outros que revelam os grandes e Witherspoon teve a sua oportunidade mas não se revelou.

Wild - Trailer
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Rotten Tomatoes 

RECOMENDO A AMANTES DA NATUREZA

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Óscares 2015 - Foxcatcher

Gostei de ver este filme por várias razões mas não posso dizer que me tenha enchido as medidas. As interpretações são fantásticas. Qualquer um dos três protagonistas conseguiu transformar-se no aspeto físico, na forma como falam, no andar mas, principalmente, ver um ator como Steve Carrell fazer uma interpretação desta intensidade dramática é algo de verdadeiramente inesperado. Não é por acaso que foi nomeado, tal como Mark Ruffalo que também esteve em grande plano. Até Channing Tatum, de quem não esperava muito, esteve bem. Segundo as críticas e o próprio Mark Schultz no vídeo em baixo, parecia que voltaram atrás no tempo!


O filme retrata uma história que desconhecia por completo. O homem mais rico dos EUA nos anos 1980, John du Pont (Steve Carrell), tem algumas paixões que segue de forma obsessiva e a luta livre é uma dessas paixões, de tal forma que monta um campo de treinos na sua propriedade e a convida os dois melhores wrestlers da atualidade, e campeões olímpicos, os irmão Shultz (Chaning Tatum e Mark Ruffalo) para integrarem a sua equipa, Foxcatcher, e com ele se treinarem para as olimpíadas de Seul. Devido à sua instabilidade emocional provocada por uma relação doentia com a sua mãe, ao abuso de drogas e à vontade de se sentir endeusado, as consequências da sua relação com a equipa de luta livre serão inesperadas.
A história é real e o conteúdo tem tudo para um filme épico mas a verdade é que senti que faltava algo. A trama desenvolve-se de forma lenta de início, o que beneficia a profundidade dramática das personagens, e acelera no final quando a tensão aumenta. Tal como em Nightcrawler, parece claro que algo trágico vai acontecer e John du Pont é o responsável por essa sensação, o que nos deixa inquietos! Mas essa inquietude é ligeira e esta história tinha tudo para nos fazer saltar o coração pela boca. Bennett Miller realiza o seu terceiro filme e consegue a incrível proeza de acumular 16 nomeações para Óscares nesses três filmes e em todos nomeações para Melhor Filme. Ainda assim, parece-me que a sua nomeação para a categoria de realização é desajustada.
Foxcatcher é, para mim, um dos bons filmes deste ano.

Foxcatcher - Trailer

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Rotten Tomatoes

RECOMENDO PELAS INTERPRETAÇÕES

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Óscares 2015 - Selma: A Marcha da Liberdade

Martin Luther King Jr. foi uma personalidade ímpar do séc. XX americano e o líder maior de uma revolução, com paralelo apenas no indiano Mahatma Gandhi, que conseguiu colocar na agenda política a questão dos direitos cívicos dos negros que, embora já consagrados na constituição, tinham claras restrições à sua aplicação nos estados do sul.
MLK teve vários momentos emblemáticos na sua curta vida e ganhou dimensão política com base na sua capacidade de inspirar e arregimentar pessoas e grupos com os seus discursos incisisvos e inflamados. O discurso "I Have a Dream", após a marcha sobre Washington DC, em frente ao Lincoln Memorial, é, certamente, o mais conhecido de todos mas muitas foram as lutas de MLK e algumas, como a marcha de Selma para Montgomery, muito perigosas e com confrontos que levaram à morte de várias pessoas. Este filme lembra várias dessas lutas. Embora pareça, inicialmente, quase um documentário, acaba por se desenvolver da forma inspiradora que MLK falava às massas. Além disso, retrata várias reuniões com os seus colaboradores do SCLC em que discutiam táticas e estratégias, nomeadamente, o que fazer para quebrar a resistência do xerife de Selma e do governador do Alabama. As conversas com o presidente Lyndon Johnson também ajudam a perceber os desafios políticos daquele período histórico para os americanos, em especial a gestão mediática da cada vez menos popular guerra do Vietname.
Selma foi nomeado para as categorias de Melhor Música, com Glory, e melhor filme. Se na primeira terá as suas chances de ganhar, não sendo uma vitória importante, a segunda nomeação foi uma total surpresa. O que não teria sido uma surpresa era a nomeação de David Oyelowo (MLK) para a categoria de Melhor Ator. Não ganharia mas a nomeação teria sido um prémio justo para um ator que conseguiu encarnar de tal forma a personagem que parecia mesmo o próprio, até pelas suas semelhanças físicas.
Sobre as lutas e a vida de MLK podem continuar a fazer-se filmes porque conteúdo não faltará. Este é um dos bons filmes feitos sobre MLK e é um dos bons e interessantes filmes deste ano.

Selma - Trailer

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RECOMENDO NOMEADAMENTE A QUEM NÃO CONHEÇA ESTA LUTA

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Óscares 2015 - O Repórter da Noite

Este foi um dos filmes que mais gostei de ver nos últimos tempos, e tenho visto muitos! É um filme desconfortável que nos faz desligar do que está à nossa volta e entrar na noite citadina repleta de acidentes e crimes de sangue. A história é dark, muito dark, e é alimentada por uma personagem de mente distorcida e perfil sociopata. Lou Bloom (Jake Gyllenhaal) vê-se obrigado a roubar de tudo para ganhar a vida mas não é por falta de tentativas ou capacidade que não consegue um emprego. Apesar da vida que leva, sempre se dedicou a estudar e a estar informado para poder corresponder às expectativas dum eventual empregador. Esse momento nunca chega e Bloom agarra uma oportunidade que desconhecia existir, filmar resultados sangrentos de acidentes rodoviários e crimes logo após estes terem acontecido e enquanto a polícia ou os bombeiros ainda trabalham nos locais. As imagens são chocantes mas Bloom e Nina (Rene Russo), uma jornalista experiente, não se deixam impressionar e promovem as suas carreiras com base nisso. Mas Bloom está disposto a ir mais além para ter sucesso e eliminar a concorrência.
Jake Gyllenhaal está feito um caso sério de um ator capaz de fazer papéis diferentes e complexos com interpretações de níveis extraordinários. É de uma injustiça tremenda que não tenha sido nomeado para um Óscar com este filme. Já o argumento foi nomeado, e bem. A história desenvolve-se de uma forma em que parece que estamos a adivinhar o que vai acontecer de seguida mas nem queremos acreditar. Talvez este filme peque por não ter um final grandioso, visto que os níveis de adrenalina vão sempre crescendo, mas, por outro lado, é perfeitamente coerente com o resto da história.
O Repórter da Noite é, para mim, um dos melhores filmes deste ano embora num registo diferente dos restantes e pouco comercial.

Nightcrawler - Trailer

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RECOMENDO A PESSOAS NÃO IMPRESSIONÁVEIS E APRECIADORES DO GÉNERO

domingo, 15 de fevereiro de 2015

Óscares 2015 - O Jogo da Imitação

Gostei de ver este filme mas tinha as expectativas demasiado altas o que, geralmente, acaba por fazer com que me desiluda. A história já era conhecida, até há um filme de 2001 (Enigma) sobre o mesmo tema. Ainda assim, este é bem melhor, nomeadamente nas interpretações mas também na realização e algumas subtilezas que achei interessantes.
Neste filme não vemos apenas o esforço de Alan Turing para quebrar a codificação das máquinas alemãs Enigma, viajamos pela sua vida, antes e depois da guerra, e ficamos a conhecer o que o levou a seguir o caminho que seguiu e a tomar as decisões que tomou, além de, claro, ficarmos com uma noção clara do seu génio ímpar e da sua contribuição para a vitória aliada no conflito.
Benedict Cumberbacht é um ator fantástico. Já tinha provado isso em cada papel que aceitou fazer e, mais uma vez, esteve à altura da sua curta mas já impressionante carreira. É, sem dúvida, um dos principais candidatos a levar para casa a estatueta e terá como principais rivais Eddie Redmayne e Bradley Cooper. Confesso que não conhecia o realizador, Morten Tyldum. Não levará o Óscar mas fiquei agradado com o que vi. Estarei mais atento aos próximos capítulos da sua carreira.
Quanto às subtilezas de que falei, no inicio do filme Alan Turing é visitado pela polícia em sua casa e alerta os detetives para cianeto espalhado no chão. Investiguem e digam-me lá se isto não foi mesmo bem metido!
Resta-me dizer que a história de vida de Turing impressiona e revolta e o filme consegue puxar por esses sentimentos sendo com base nisto que digo que este é um dos bons filmes deste ano embora, na minha opinião, não mereça ser muito premiado, muito menos como melhor filme.

The Imitation Game - Trailer

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RECOMENDO BASTANTE A QUEM NUNCA OUVIU FALAR DE ALAN TURING

sábado, 14 de fevereiro de 2015

Óscares 2015 - Sniper Americano

Mais um filme de guerra americano. Mais um herói de guerra. Mais do mesmo? Não, sem dúvida que não. Clint Eastwood é um mestre da sétima arte e a passagem da frente para trás das câmaras só veio beneficiar a industria. Mais um vez, como já nos habituou, as suas personagens mostram uma complexidade acima do normal, muito mais se considerarmos filmes de guerra, e é muito por esta razão que gosto dos filmes de Eastwood. Tal como em Cartas de Iwo Jima e Bandeiras dos Nossos Pais, não vemos aquele hollywoodismo exagerado com tudo a explodir e bocados de corpos por todos os lados. Antes, aborda muito o lado psicológico e emocional dos conflitos armados e as consequências daí decorrentes. Parecem-me filmes muito mais em contacto com a realidade.
Neste filme, baseado em eventos reais, Chris Kyle (Bradley Cooper) é um patriota que teve uma educação rígida e com valores muito bem definidos. Quando chega o momento de defender o seu país, Chris torna-se um sniper de elite responsável por salvar inúmeros soldados americanos na guerra do Iraque. Mas a guerra entra-lhe nas veias e não é fácil voltar para casa!
Bradley Cooper tem uma interpretação perfeita. Começa por ser um cowboy texano mas acaba por tornar-se um sniper de elite e uma referência para imensos soldados. Pelo meio nunca perde aquele modo de ser calmo e responsável, como quem quer salvar o mundo. A sua pronuncia é, também, muito marcada e, disseram-me, que Eastwood costumava gozar com Cooper porque este nunca saiu de personagem enquanto duraram as filmagens.
Sniper Americano é, para mim, um dos filmes do ano.

American Sniper - Trailer

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RECOMENDO A QUEM GOSTA DE VER MAIS DO QUE TIROS E EXPLOSÕES

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Óscares 2015 - A Viagem dos Cem Passos

Quebro agora a regra que me levou a escrever estes últimos posts visto que da Academia não veio nenhuma nomeação para este filme e porque todas as regras têm que ter a sua exceção.
A história deste filme retrata a mudança duma família indiana que foge da violência no seu país, que lhe destruiu o negócio e matou a matriarca, para se instalar numa pequena vila francesa. Esse local não foi escolhido, foi obra do acaso, ou melhor, foi onde o carro em que viajavam perdeu os travões e teve um acidente. Daí em diante retomam a sua atividade e abrem um restaurante indiano “a cem passos” dum restaurante premiado com uma estrela Michelin. Naturalmente, os conflitos começam e o resto terá que ser visto.
Este é um filme ligeiro mas bem feito e animado. Tem drama, romance, diversão e momentos inspiradores. As representações são razoavelmente boas com destaque para Helen Mirren que foi nomeada para um Globo de Ouro. O realizador Lasse Hallström é suficientemente experiente para pegar numa história banal e fazer um filme positivo.

The Hundred-Foot Journey - Trailer


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RECOMENDO NUM DOMINGO À TARDE EM FAMÍLIA

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Óscares 2015 - Birdman ou a Inesperada Virtude da Ignorância

Este é, porventura, o filme que terá originado mais opiniões contraditórias. Há quem tenha adorado e achado um dos melhores filmes que já viu como há quem considere o filme estapafúrdio e desinteressante. Eu estou dos dois lados da barricada... acho! Na verdade continuo sem ter uma ideia clara sobre a minha opinião do filme como um todo, por isso, vou falar do que achei por partes.
Das sete principais categorias, foi nomeado para seis. Produção (Melhor Filme), Realização, Argumento Original e três de interpretação. Além disso, foi também nomeado para três categorias técnicas, Fotografia, Mistura e Edição de Som que o colocaram como o filme mais nomeado do ano. A realização é excecional no sentido em que o ritmo do filme e a abordagem visual dão vida às personagens e são congruentes com o cenário e a história. O argumento é extremamente bem escrito. As interpretações são, na generalidade, muito bem conseguidas com destaque para Edward Norton que esteve, como já nos habituou, genial e também Emma Stone. Michael Keaton, que eu aprecio desde que interpretou Batman, desiludiu-me um pouco. Achei-o algo exagerado ou, como dizem os americanos, entrou em overacting! Das categorias técnicas tenho sempre alguma dificuldade em falar mas posso dizer que adorei a escolha musical. Aquela bateria ritmava os momentos de tensão de forma brilhante. Mas para considerar um filme como melhor do que os outros preciso de aceitar, para mim, que a história é interessante , que me move e não posso deixar de perceber qual o intuito de Iñarritu, que escreve, realiza e produz. E é precisamente neste ponto que tenho dúvidas. Há filmes que abordam fantasias ou distúrbios mentais como se fossem reais mas a realidade é percetível e há outros que entram por completo no irreal, na ficção fantástica sem se preocuparem com as leis mundanas. Tanto uns como outros, sendo bons, terão que ser coerentes e é aí que eu acho que Birdman falha, não é coerente com a própria história. Senão como explicar o que se passa quando Sam (Stone) entra no quarto, na cena final, vai à janela e olha para baixo e para cima com a expressão que tem na cara? Uma coisa ou é real ou é imaginária e eu senti nesse momento que precisava de ver o filme outra vez porque o que eu tinha pensado que era imaginário afinal seria real aos olhos de Sam! É difícil explicar sem revelar a história do filme mas quem já viu perceberá e terá a sua opinião sobre esse momento.
Uma das críticas feita a este filme é de que retrata em pormenor as vicissitudes do mundo do espetáculo deixando quem não pertence a esse mundo sem o perceber em profundidade e sem interesse. Eu diria que essa crítica é absurda senão só nos interessaríamos por assuntos que já conhecemos. Ainda assim, veremos se o facto de quem vota se sentir relacionado com a história, por pertencer ao mesmo mundo, não terá influência na votação!
Birdman é, sem dúvida, um dos filmes do ano, só é pena que ainda não tenha conseguido fazer sentido dele!

Birdman - Trailer

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RECOMENDO COM MENTE MUITO ABERTA

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Óscares 2015 - O Juiz

Confesso que este filme só me chamou a atenção pela nomeação de Robert Duvall para o Óscar de Ator Secundário, de outra forma nem o teria visto. E, em boa verdade, não teria perdido nenhuma obra prima! É uma história mais do que batida no cinema, a relação difícil e quase inexistente entre pai e filho modifica-se quando, após a morte da mulher do juiz Joseph Palmer (Robert Duvall) e mãe de Hank Palmer (Robert Downey Jr.), Hank visita a família para presenciar o funeral da mãe. A morte da mulher deixa o juiz alterado e o que se passa de seguida força um relacionamento entre pai e filho tanto a nível profissional, porque Hank é um brilhante advogado, como a nível familiar e sentimental.
Nada no filme me parece mau, tal como nada é excecionalmente bom. Como disse, a história já está muito vista embora tenha um ritmo agradável e algumas surpresas que quebram a monotonia do drama foleiro que poderia ser. O argumento não impressiona, tal como a realização. Os meios técnicos não são relevantes. Mas este filme tem um chamariz, reúne um conjunto de atores de nomeada. Pessoalmente, a maioria não me fascina mas sou apreciador do currículo de Robert Duvall e, há que dizer, mais uma vez não desilude, antes pelo contrário. Em grande nível, Duvall chega a impressionar em determinada altura. Com sete nomeações e um Óscar em carteira, não me choca que não vença este ano, particularmente este ano em que a categoria está preenchida com atores e representações de excelência à qual Duvall também acrescenta muita.
O Juiz não é, para mim, um dos filmes do ano.

The Judge - Trailer

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RECOMENDO SE NÃO HOUVER MAIS NADA PARA FAZER

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Óscares 2015 - O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos

Não há muito que possa acrescentar ao que já disse no ano passado quando falei do segundo filme desta trilogia, tal como o próprio filme não acrescenta muito ao que os outros já têm até porque, segundo julgo saber, os três filmes foram produzidos continuamente, isto é, não se esperou pelo sucesso comercial dum para avançar para o próximo, o que é bom em termos de coerência artística dos filmes mas acaba por fechar o espaço a qualquer expectativa que se possa ter de alguma diferença ou evolução. Os filmes são todos iguais, o que muda é a história e a história está nos livros! Mas tal como disse no ano passado, os outros filmes foram muito bem conseguidos por Peter Jackson daí que manter esta fórmula vencedora não seja um erro. No entanto, também disse que dividir o Hobbit em três filmes era esticar a corda e mantenho.
Não posso fazer uma crítica objetiva porque, como disse, por serem iguais, os filmes já cansam. Mas posso dizer isto, que acho que abona em favor tanto de Peter Jackson como de Tolkien, espero rever todos os seis filmes (Senhor dos Anéis e Hobbit) daqui a uns dez anos, ou pouco mais, na companhia do(s) meu(s) filho(s) e pela ordem cronológica da história, tal como o meu pai viu comigo a primeira trilogia da Guerra das Estrelas. Será fantástico, sem dúvida.
Quanto a nomeações, este foi, dos seis filmes, o que obteve menos. Apenas uma, para Edição de Som, que dificilmente conquistará. Parece que a Academia também se fartou das histórias fantásticas de Tolkien e Jackson!

The Hobbit: The Battle of the Five Armies - Trailer
Rotten Tomatoes
Box Office: 916 milhões de dólares 

RECOMENDO A TRILOGIA SEGUIDA

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Óscares 2015 - Boyhood: Momentos de uma Vida

Estamos na presença dum filme que, certamente, ficará para história do cinema. Tenho que dizer que acho Richard Linklater um génio da sétima arte. Foi ele o responsável pela trilogia Antes do Amanhecer, Anoitecer e Meia-Noite, filmes geniais e em tudo parecidos com Boyhood, não na história mas na qualidade dos argumentos e na chocante realidade que nos apresentam. Linklater é argumentista, realizador e produtor em Boyhood, está nomeado para as três categorias e, se dependesse de mim, levaria as três estatuetas.
Boyhood é um filme invulgar porque retrata doze anos da vida dum rapaz, Mason (Ellar Coltrane), mas filmado em tempo real, ou seja, as filmagens começaram quando o rapaz tinha seis anos e terminaram quando já tinha dezoito. Naturalmente, os restantes atores também foram envelhecendo à frente da câmara o que dá uma noção de realismo absolutamente inédita. Se a isto juntarmos o génio de Linklater para escrever argumentos brutalmente reais, temos a receita para um filme que ficará nos anais da história cinematográfica. A história pretende retratar uma infância e juventude algo atribulada como consequência das dificuldades dos pais em manter alguma estabilidade nas suas vidas.
Os pais separados de Mason e Samantha (Lorelei Linklater, filha do realizador) são protagonizados por dois atores fantásticos, Ethan Hawke e Patricia Arquette, que estão, como não poderia deixar de ser, perfeitos. Estão nomeados como atores secundários mas duvido que ganhem numa ano em que estas categorias têm representações fortes, ainda assim, seria de toda a justiça se a academia os premiasse.
Resta apenas dizer que a nomeação para a categoria de Melhor Montagem terá que ser ganha por Boyhood. Nem consigo imaginar o que foi montar um filme com doze anos de filmagens! Isto para não falar em eventuais evoluções técnicas que tivessem dificultado o trabalho.
Boyhood: Momentos de uma Vida é, na minha opinião, o filme do ano e um dos melhores filmes da história do cinema.

Boyhood - Trailer

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Rotten Tomatoes

RECOMENDO SER VISTO INÚMERAS VEZES

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Óscares 2015 - Nos Limites

Que filme fantástico! Encheu-me as medidas em todos os aspetos. Começando pelo enredo, este filme conta a história dum promissor baterista no que é caracterizado como o melhor conservatório de música americano. O seu potencial e enorme ambição levam-no à principal ensemble de Jazz do conservatório liderada por um instrutor cujos métodos de condução e motivação são pouco ortodoxos. Daí desenvolve-se uma relação auto destrutiva com consequências pouco saudáveis para todos os envolvidos mas com um final inesperado. E quando digo final inesperado quero dizer que vai dar sentido a toda a história. Adorei!
Este é um filme que vive muito (e bem) das interpretações. J.K. Simmons é um ator de que sempre gostei e finalmente teve uma oportunidade para mostrar todo o seu talento e mostrou-o bem. Está nomeado para melhor ator secundário. Em qualquer outro ano diria que seria o principal candidato mas este ano, com a excelência de atores e representações nesta categoria, digo apenas que não me surpreenderá se ganhar o que já é dizer muito!
Apesar de ser um bom filme vejo que dificilmente ganhará alguma estatueta para além da referente à Mistura de Som ou Ator Secundário mas, pelo menos para mim, foi uma excelente surpresa pela história, que agarra, e pelas representações à altura.
Nos Limites é, para mim, um dos filmes do ano.

Whiplash - Trailer

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RECOMENDO MUITÍSSIMO ESPECIALMENTE A MÚSICOS E AMANTES DE MÚSICA

sábado, 7 de fevereiro de 2015

Óscares 2015 - Invencível

Muita publicidade se fez à realização de Angelina Jolie e ao argumento (adaptado) dos irmãos Coen mas, sinceramente, estava à espera dum flop e pouco melhor foi do que isso. A história retrata o período em que Zamperini (Jack O’Connell), um promissor atleta americano, já olímpico, é feito prisioneiro pelos japoneses, na segunda guerra mundial, após ter estado 47 dias à deriva no oceano Pacífico como resultado dum acidente aéreo. Só o momento da deriva no oceano dava um filme mas não me pareceu bem explorado. O cativeiro tenta mostrar as diferenças culturais entre japoneses e ocidentais e as dificuldades inerentes a qualquer prisioneiro de guerra. Watanabe, o comandante japonês do campo de prisioneiros, é retratado como um oficial frustrado que desde o primeiro minuto de Zamperini no seu campo o fez passar por terríveis momentos de sofrimento.
Este é um filme que podia ser inspirador mas não é. A história tinha potencial que Jolie não conseguiu transformar em cinema de qualidade e tudo me pareceu forçado, nomeadamente as interpretações de O’Connell e Ishihara. Como não conhecia a história de vida do protagonista, posso dizer que o único interesse que tive durante o filme foi o de perceber se Zamperini conseguiria, ou não, sobreviver.
As três nomeações técnicas já foram uma vitória. Até é forte candidato ao Óscar de fotografia mas ter uma estatueta no currículo seria uma tremenda injustiça!

Unbroken - Trailer

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NÃO RECOMENDO

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Óscares 2015 - Em Parte Incerta

Gosto deste tipo de filmes em que a história e o argumento os definem. Neste caso há ainda o suspense que se vai acumulando à medida que a história se vai desenvolvendo e vão aparecendo reviravoltas inesperadas, ou pelo menos para mim foram inesperadas. Este filme começa com o desaparecimento de Amy (Rosamund Pike), mulher de Nick Dunne (Ben Affleck), e consequente investigação policial. O caso torna-se imensamente mediático, Nick o centro dessa atenção mediática por ser um potencial homicida e o que à partida se parece saber sobre as personagens principais acaba por não ser toda a verdade.
Não gosto particularmente de nenhum dos atores protagonistas neste filme mas tenho que admitir que é neste tipo de papéis que melhor encaixam. Aliás, é precisamente na interpretação que surge a única nomeação deste filme, ainda assim, duvido que Rosamund Pike leve a estatueta. Mais do que a nomeação para melhor atriz, o que este filme merecia eram nomeações para melhor argumento adaptado e melhor realizador. É impressionante como David Fincher, com o “currículo” que já tem, ainda não tenha sido premiado nos Óscares, para além de duas nomeações!
Em Parte Incerta é um dos bons filmes de 2014 e o que mais gostei dos que já vi, que foram poucos.

Gone Girl - Trailer

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RECOMENDO AOS AMANTES DO SUSPENSE

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Óscares 2015 - A Teoria de Tudo

Confesso que tinha expectativas elevadas relativamente a este filme e talvez por isso tenha ficado algo desiludido. Nos últimos tempos tenho andado a ler sobre temas relacionados com física e astrofísica, isto para dizer que esperava, talvez erradamente, um filme que contasse mais em pormenor os feitos ímpares de Stephen Hawking na sua área de trabalho. Pelo contrário, os feitos científicos de Hawking são pormenores numa história que relata a sua vivência com uma doença rara e terrivelmente progressiva e a sua relação familiar marcada pelo seu estado físico. Não deixa de ser um biopic interessante e a representação dos protagonistas é forte, nomeadamente Eddie Redmayne que já embolsou um Globo de Ouro mas, convenhamos, teve papel para isso. É engraçado ver o tempo passar sobre a mulher de Hawking, Jane (Felicity Jones), as modas das roupas e dos cortes de cabelo!
Redmayne é o único com sérias hipóteses de levar a estatueta, na minha opinião. Quanto às restantes categorias, acho que o filme vai ficar em branco apesar das cinco nomeações. Felicity Jones esteve bem mas compete com atrizes com papéis muito fortes daí que não me pareça que ganhe.
Gostei mas espero ver filmes melhores este ano!

The Theory of Everything - Trailer

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RECOMENDO COM EXPECTATIVAS MODERADAS

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Óscares 2015 - Guardiões da Galáxia

Os trailers não me motivaram a ir ao cinema mas fui convencido a ver o filme por amigos que me falaram maravilhas dele. Não é maravilhoso mas também não é mau, é diferente do que eu estava à espera. Nunca li os livros e talvez por isso não conhecesse o estilo da história. Concretamente, estamos na presença de súper heróis acidentais que se juntam por conveniência, por por terem um inimigo comum mas também por acaso temporal. Dito isto, o desenvolvimento da história não é emocionalmente profundo nem excessivamente cómico mas tem um pouco dos dois e, certamente por isso, consegue ser uma filme ligeiro, bom para ver em família. Gostei do casting, no geral as interpretações foram bem conseguidas. Os efeitos visuais estão na medida correta, bem feitos, convincentes sem serem exagerados e é nesta categoria que este filme poderá sair premiado.
Na generalidade achei que são duas horas e meia bem passadas sem ser um filme de top mas houve algo que me deixou maravilhado, a banda sonora é simplesmente fantástica! Talvez porque vai ao encontro dos meus gostos musicais mas a verdade é que andei com “Hooked on a Feeling” na cabeça durante dias e isso só pode ser bom. Awesome Mix vol. 1 pode ser ouvido aqui:


Guardions of the Galaxy - Trailer

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Box Office: 774 milhões de dólares

RECOMENDO PARA UM SERÃO DIVERTIDO COM MÚSICA DE QUALIDADE

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Óscares 2015 - Interstellar

Tenho dificuldades em resumir a minha desilusão com este filme, de tão grande que é. Ao fim de uma hora estava pronto para vir embora do cinema! Mas que raio!!! Quem é que pensou que uma hora de drama pai/filha acrescentava algo de útil à história? E será que Matthew McConaughey alguma vez na vida saberá fazer um boneco diferente daquele "pintas" texano? Até em Clube de Dalas, tão aclamado e premiado que foi, Jared Leto lhe mostrou como se representa aquela personagem! E aquela penúltima cena da reunião familiar, aquilo faz sentido a alguém depois da motivação de Cooper (McConaughey) durante a viagem? Isto para não falar do “plano A/plano B” que só uma pessoa sabia do que realmente se tratava em toda uma organização gigantesca que supostamente iria salvar os pobres terráqueos! Quanto aos conceitos astrofísicos do filme, não querendo, obviamente, pôr em causa Kip Thorne, achei que quiseram abordar de tudo para que o filme fosse considerado como estando na vanguarda da ciência mas o resultado foi uma  enorme salgalhada que perturba o entendimento da trama para, seguramente, mais de 99% dos espetadores. Não será por acaso que apenas foi nomeado em categorias técnicas. Talvez até ganhe uma ou outra estatueta, nomeadamente, efeitos visuais e banda sonora não seriam desmerecidas.
Chateia-me que este filme tenha a assinatura de Christopher Nolan, foi a primeira vez que não gostei dum filme dele e depois da surpresa positiva que foi Gravidade há um ano, esperava muito mais deste, dentro do género!
Para quem esteja interessado, existem umas boas infografias que explicam o horizonte temporal do filme. Deixo-vos esta bem simples.


Interstellar - Trailer
 

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Rotten Tomatoes

NÃO RECOMENDO

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Óscares 2015 - Grand Budapest Hotel

Tal como no ano passado, inauguramos aqui um série de posts dedicada a filmes nomeados para Óscares da Academia de Hollywood. Este ano serão lançados respeitando a cronologia pela qual foram vistos.

Um pouco no seguimento duma linha muito própria, Wes Anderson vê-se, finalmente, reconhecido de forma clara pela industria e pelos críticos. Nove nomeações para os Óscares da Academia e, consequentemente, o filme mais nomeado é uma vitória em si, ou não? É a terceira vez que Anderson é nomeado para a estatueta de argumento original, sem nunca ter ganho. Por aí não se espelha o grande reconhecimento! Seis das nove nomeações são em categorias técnicas. Nenhuma das representações chegou para nomeação! O grande contentamento de Anderson terá que vir, certamente, das nomeações para melhor realização e melhor filme e, relativamente a essas, posso dizer que dificilmente ganhará, ou melhor, não ganharia se fosse eu a decidir.
Como disse, este é um filme que segue uma linha habitual em Wes Anderson, que o escreve, realiza e produz. Vi Os Tenenbaums que há quase quinze anos já marcava o seu estilo. O Darjeeling Limited também não foge da linha. Entre os dois colecionaram, calma... uma nomeação para os Óscares! O que mudou agora? Na minha opinião nada! Confesso que estes filmes não me satisfazem por completo mas são agradáveis de ver. Os argumentos são extremamente bem escritos mas o absurdo das histórias e das personagens não me convence. Os efeitos visuais e as cores chegam a deliciar a vista mas... e a história?! Enfim, não é bem a meu gosto mas admiro Anderson pelo seu estilo próprio e por haver qualidade no seu trabalho, só não percebo a histeria agora, ao cabo de vinte anos! Nomeações para fotografia e argumento teriam sido suficientes, com fortes probabilidades de ganhar na segunda.

The Grand Budapest Hotel - Trailer

IMDB
Rotten Tomatoes

RECOMENDO COM EXPECTATIVAS MODERADAS E GOSTO PELO ABSURDO