segunda-feira, 4 de novembro de 2013

DocLisboa 2013

Pela segunda vez fomos ao DocLisboa e pela segunda vez tivemos a mesma sensação: Porque raio não viemos a este festival mais vezes?!!!
A nossa estreia foi em 2007, na 5ª edição deste festival. Nesse ano vi um doc sobre Zinedine Zidane, o futebolista, à data, do Real Madrid, e outro sobre a vida e obra de Marlon Brando. O primeiro mostrava o jogador durante um jogo. O som e a imagem apenas de Zidane. O segundo é o típico documentário de vida e obra com o benefício do objeto ser um ator de enorme qualidade com uma vida cheia e uma filmografia invejável. Depois deste doc vimos, já em casa, Um Elétrico Chamado Desejo, um filme de 1951, a preto e branco, que adorámos. Ambos passaram no cinema São Jorge.


Este ano vimos, como em 2007, dois docs na 11ª edição deste festival.
Abrimos no dia 25 de outubro, na Culturgest, com um tema que já há muito queria compreender melhor, o ativismo político das Pussy Riot e as razões do seu encarceramento. O filme é russo e chama-se Pokazatelnyy Protsess: Istoryia Pussy Riot, ou Free Pussy Riot, em inglês. Posso dizer que superou as nossas expectativas, no meu caso, pela forma isenta como tentou retratar o fenómeno da banda feminina de Punk Rock. Para além dos membros da banda, falaram os familiares, os advogados de defesa mas também os de acusação, pessoas ligadas à Igreja Ortodoxa bem como outras pessoas interessadas no processo e críticas do comportamento das Pussy Riot. As performances da banda são sobejamente conhecidas, o que eu não conhecia era o ativismo que elas já demonstravam muito antes da formação das Pussy Riot. Percebem-se, de forma clara, as suas manifestações como indivíduos e como grupo. Acompanharam as audiências em tribunal o que permitiu perceber que a separação de poderes na Rússia ainda não é o que poderia ser. Em baixo o vídeo promocional.


O outro que vimos veio de Angola, ou melhor, feito por portugueses mas com perfume angolano. Chama-se I Love Kuduro e procura dar a conhecer as estrelas nacionais e internacionais do Kuduro, as suas origens, muitas vezes dos guetos periféricos de Luanda, e as enormes massas de gente que arrastam para os concertos. O realizador, Mário Patrocínio, repete o êxito conseguido com Complexo: Universo Paralelo, filme que ainda não vi mas lembro-me do impacto mediático que teve e, agora, fiquei com mais vontade de o ver. Em baixo, o vídeo promocional de I Love Kuduro.


Por fim, resta dizer que este festival teve mais de duas centenas de documentários, uns a concurso nacional, outros a concurso internacional, outros ainda fora de concurso, e que há muito por onde escolher. A nossa escolha recaiu em alguns dos mais óbvios (não foi por acaso que as salas estavam cheias e a sala do São Jorge tem capacidade para mais de 800 pessoas) mas outros houve que me despertaram interesse e que, por uma razão ou por outra, não pudemos ver. Gostava de ter visto o Mistaken for Strangers, que mostra a banda The National em digressão. Para além deste, havia vários docs sobre música que me pareceram interessantes como o que retratava o reencontro dos Stone Roses, outro que mostrava o processo de preparação duma opera pela Balletde l’Opéra de Paris ou ainda um sobre o lendário músico de Jazz Dizzy Gillespie. Nesta edição a organização decidiu criar uma secção com seis docs sobre o golpe militar de Augusto Pinochet que depôs Salvador Allende no Chile. Enfim, dá para perceber que, havendo tempo, passavam-se uns bons onze dias metidos em salas de cinema.

RECOMENDO TODOS OS ANOS