domingo, 30 de setembro de 2012

A Rainha Margot e Nicholas Nickelby


No último fim de semana vi dois filmes que me agradaram de formas diferentes. O primeiro bem mais do que o segundo.

Começando pelo que mais me agradou, o primeiro que vi foi a magnífica adaptação do romance de Alexandre Dumas sobre o conflito entre católicos e protestantes na corte francesa do século XVI, A Rainha Margot. As lutas fratricidas dos herdeiros ao trono, as conspirações políticas, os assassinatos em nome da religião e até o massacre da noite de São Bartolomeu (em 1572), estão refletidos nesta história por entre os amores e indecisões da jovem princesa, que viria a ser rainha. Este filme reflete bem o grande confronto que havia na Europa do século XVI entre católicos e protestantes. Os católicos eram liderados pelos reis de Espanha e pelo papado de Roma e representados em França por Catarina de Médici, matriarca da família Valois. Os protestantes eram liderados por Isabel I em Inglaterra e representados em França pelos huguenotes, o almirante Coligny e o rei Henrique III de Navarra, marido de Margot e representante da família Bourbon que haveria de tomar o poder após a guerra dos três Henriques.
É um filme interessante dos pontos de vista histórico, político e religioso. É, ainda, um filme muito bem representado que nos transporta facilmente para o auge do período renascentista.


A Rainha Margot - Trailer

RECOMENDO IMENSO, NOMEADAMENTE, A AMANTES DE ROMANCES HISTÓRICOS E INTERESSADOS NO PERÍODO SEISCENTISTA EUROPEU

Após este clássico francês, vi outra adaptação mas desta feita de um livro de Charles Dickens de seu nome Nicholas Nickelby. O único livro que já tinha lido de Dickens foi Um Conto de Natal e também já tinha visto o filme Oliver Twist. Conhecendo estas três histórias posso dizer que este autor, aparentemente, centra sempre os seus textos nas mesmas temáticas, a justiça moral e as desigualdades sociais na Inglaterra do século XIX. Quase que apetece dizer que quem já leu um livro de Dickens já leu todos mas talvez seja exagerado tendo em conta que estamos a falar de um dos mais aclamados escritores da história!
Neste filme, a ambição desmedida e a falta de compaixão e empatia da personagem do tio são derrotadas pela pureza de alma e sentido de honra e retidão moral da personagem principal. Confesso que, a páginas tantas, a personagem principal, Nicholas Nickelby, já me irritava de tão anjinho que era! Dá-lhe uma certa noção de irrealidade. Enfim, o Bem sempre triunfa em Dickens. Talvez seja essa previsibilidade que não acho apelativa neste autor.
De notar que, como sempre, Christopher Plummer enche o ecrã e faz-nos mesmo detestá-lo! Mais um trabalho primoroso. Além deste "monstro", o filme tem um elenco muito bom mas fica a desilusão pelo pequeno papel de Alan Cumming!


Nicholas Nickelby - Trailer

RECOMENDO A SEGUIDORES DE DICKENS E FANS DE FINAIS FELIZES

domingo, 23 de setembro de 2012

Os Caminhos do Aqueduto


No último verão, à boleia do Grupo Desportivo e Cultural da empresa onde trabalho, visitámos um dos monumentos mais interessantes de Lisboa, tanto pela sua vertente arquitetónica e cultural como pelo impacto sócio económico que teve na cidade aquando da sua construção. 

As estórias ligadas à decisão de avançar com o projeto, planeamento, efetiva construção e diversas alterações ao plano original conforme se sucediam os respetivos responsáveis, são tão extensas e variadas que não vou sequer tentar resumi-las. Há volumes literários que se debruçam sobre estas temáticas de forma pormenorizada. Importa apenas dizer que o Aqueduto entrou em funcionamento poucos anos antes do grande terramoto de 1755 e foi dos poucos edifícios que se manteve de pé na cidade (falo, nomeadamente, do vão sobre o vale de Alcântara). É também interessante saber que foi uma obra que durou vários anos a ser edificada e que, após a sua conclusão, não servia por completo as necessidades da cidade, embora representasse um incremento considerável na distribuição de água. 

A visita foi dividida por dois dias. Inicialmente, visitámos um troço de algumas centenas de metros entre o Reservatório da Patriarcal, situado por baixo do jardim do Príncipe Real, e o miradouro de São Pedro de Alcântara. Percorremos esta distância, sempre por baixo do chão, através da Galeria do Loreto. Noutro dia passámos o Aqueduto a pé por cima do vale de Alcântara, aquele dos arcos ogivais com quase um quilometro de comprimento e 65 metros de altura. Algumas pessoas não acharam piada a toda esta distância para terra firme e a solução encontrada foi andarem sempre longe do muro exterior! Será que por medo de aparecer o Pancadas (Diogo Alves)? Mas esse não foi condenado à morte e logo enforcado? Até dizem que tem a cabeça decepada guardada num frasco algures para lhe estudarem a mente!!! Enfim, foi uma experiência muito interessante, mais ainda para os fotógrafos wannabe do grupo! Depois, como no primeiro dia, tornámos a descer abaixo do chão e fomos até ao Reservatório da Mãe d’Água nas Amoreiras. 


Reportagem sobre o Reservatório da Patriarcal

Por cerca de 2€, são visitas que aconselho vivamente pela experiência de percorrer um monumento imponente da cidade que tão importante foi para a melhoria das condições de vida dos lisboetas e, de uma forma sempre atual no nosso país, tão grande derrapagem financeira representou às cortes de então.

Site do Museu da Água
Blog do Museu da Água  
Marcação de visitas: 218 100 215 ou museu@epal.pt

RECOMENDO COM UMA GUIA CATIVANTE COMO BÁRBARA BRUNO