quinta-feira, 10 de maio de 2012

Band of Brothers e The Pacific

Hoje trago-vos duas séries muito premiadas e do melhor que se pode ver na TV.
No rescaldo do filme O Resgato do Soldado Ryan, Steven Spielberg e Tom Hanks ficaram com imenso material interessante, resultado da investigação para o filme, que decidiram, e bem, não desperdiçar. Com este material criaram a série Band of Brothers. The Pacific veio depois mas não lhe fica atrás!

Band of Brothers

Esta série foi estreada em 2001 e conta a história dos soldados da companhia Easy, integrantes da mítica divisão 101ª aerotransportada, desde o treino em solo americano, passando pelo desembarque na Normandia, neste caso largados do ar, pelas inúmeras batalhas em solo francês, belga, holandês e alemão, até à vitória final e tomada da casa de férias de Hitler, o Ninho da Águia, tudo em dez episódios.
Toda a série é de um realismo visual impressionante, bem ao estilo do filme que a originou. As cenas de guerra são intensas e totalmente despidas de censura. O segundo episódio mostra o ataque a Brecourt Manour e homenageia os soldados que o levaram a cabo. Ainda hoje este ataque é estudado na academia militar de West Point. O sétimo episódio relata bem todo o horror da Ofensiva das Ardenas ou Batalha do Bulge. Nesta ofensiva a Wermacht impôs muitas baixas no exército aliado, fato bem capturado neste episódio. É possível também ver as privações pelas quais os soldados passavam devido ao rigoroso clima da Europa Central no mês de janeiro. No nono episódio, a companhia Easy depara-se com um campo de concentração em Landsberg. Este episódio impressiona mais pelo estado das pessoas e as condições em que viviam do que pelas cenas de combate.


Em todos os episódios as cenas inicial e final são relatadas por veteranos das respetivas batalhas. No último episódio conhece-se o nome desses veteranos, precisamente os efetivos ainda vivos da companhia Easy que se veem ao longo de toda a série. Um pormenor que acrescenta realismo a uma série já por si muito autêntica.


The Pacific

No seguimento de Band of Brothers, esta série, também em dez episódios, contém o mesmo realismo visual em cenas de batalha da sua predecessora. Desta vez não é seguida uma companhia mas três marines de diferentes regimentos da 1ª divisão da marinha. Os marines são Eugene Sledge, Robert Leckie e John Basilone, o herói de Guadalcanal. Esta série relata as dificuldades que a marinha norte americana sentia no palco de guerra do pacífico a lutar contra a expansão japonesa. Guadalcanal, Gloucester, Pavuvu, Banika, Peleliu, Iwo Jima e Okinawa são os cenários de batalha mostrados. Mais uma vez as cenas de batalha são tremendas e de um realismo atroz. O sofrimento é sempre grande num palco de guerra mas neste caso aumentado pela dificuldade de ambientação ao clima tropical da zona.

Seguindo esta série é possível perceber o rumo que a guerra tomou no Pacifico. A dificuldade inicial em confrontar o domínio territorial japonês transformou-se numa vitória estrondosa, na ocupação militar do Japão e na deflagração das duas bombas atómicas de Hiroshima e Nagasaki.


RECOMENDO A QUEM GOSTA DE HISTÓRIA E GUERRA

domingo, 6 de maio de 2012

A Controvérsia de Valladolid


Na sequência das comemorações do quadragésimo aniversário do Teatro da Comuna, o Teatro São Luiz estreou esta peça de grande interesse cultural e pedagógico sobre a questão moral e política da conquista espanhola das Américas e do seu relacionamento com os povos indígenas.

O texto refere-se a um encontro ocorrido em  meados do século XVI, na cidade espanhola de Valladolid, entre o frade Bartolomé de las Casas e o filósofo Juan Ginés de Sepúlveda. Este encontro pretendia levar a discussão a natureza humana e moral dos povos submetidos ao jugo dos colonos espanhóis e daí tirar uma conclusão, ou os indígenas eram iguais aos espanhóis e os colonos teriam que os libertar ou eram de outra espécie, inferior, e teriam que continuar a ser submetidos de forma a serem purificados pelo cristianismo que lhes salvaria a alma. O mediador desta discussão, um cardeal enviado pelo Papa, tinha o poder de tomar uma decisão com efeito vinculativo após ouvir os dois intervenientes. Bartolomé de las Casas defendia que os índios têm alma, sentimentos e expressões humanas e que eram os espanhóis que os maltratavam sem terem sido agredidos, algo que tinha presenciado. Já Sepúlveda, que nunca tinha estado no Novo Mundo, defendia que o povo mais avançado do mundo, os espanhóis, tinha o direito divino de submeter os locais, povos atrasados no que respeita à fé e à cultura, ao seu domínio.

A peça vale pelo texto que é fantástico. A argumentação de cada uma das personagens é muito interessante e permite-nos refletir sobre a situação existente e as razões que levava cada um dos lados à defesa da sua posição. A conclusão do cardeal é polémica e o fim da peça é, no mínimo, inesperado mas muito “à época”!

Texto – Jean-Claude Carrière
Encenação – João Mota
Bartolomé de las Casas – Carlos Paulo
Juan Ginés de Sepúlveda – Virgílio Castelo
Cardeal – Álvaro Correia

Preço: 17 € (8,5 € para estudantes e 11,90 € para grupos de 10 ou mais)

RECOMENDO NUMA PRÓXIMA VEZ EM CENA